Entre Fatos | A verdadeira história por trás de ‘Cidade Tóxica’

“Cidade Tóxica” estreou em 27 de fevereiro no catálogo da Netflix.

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Foto: Reprodução

A minissérie Cidade Tóxica (Toxic Town, no título original) já está disponível no catálogo da Netflix. Escrita por Jack Thorne (His Dark Materials), a produção em quatro episódios é baseada em um caso judicial verdadeiro que aconteceu na Inglaterra.

O Enredo e Elenco de Cidade Tóxica

A série é centrada em três mães que tentam provar na justiça que os resíduos tóxicos atmosféricos foram responsáveis por deficiências congênitas em seus filhos. Os quatro episódios foram dirigidos por Minkie Spiro, e produzida pela Broke & Bones.

Jodie Whittaker (Doctor Who; Broadchurch), Aimee Lou Wood (The White Lotus; Sex Education), Robert Carlyle (Once Upon a Time), Rory Kinnear (O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder), Brendan Cole (Downton Abbey), Claudia Jessie (Bridgerton), Joe Dempsie (Game of Thrones), Michael Socha (Being Human; Once Upon a Time), e Lauren Lyle (Outlander) estão no elenco da produção.

Antes do Caso ir à Justiça

A decisão do caso aconteceu somente em julho de 2009, mas a história começou a se desenvolver décadas antes.

A cidade de Corby fica dentro na parte norte do distrito Northamptonshire. Na década de 1930, se estabeleceu como um centro siderúrgico, com o estabelecimento de uma empresa fabricante de tubos de metal. E, já nos anos de 1960, se tornou uma das áreas mais industrializadas da região.

Entretanto, em 1981, o local se tornou menos lucrativa e os proprietários acabaram fechando. Na época, era uma das maiores operações da Europa Ocidental, e durante seus anos de funcionamento, uma grande quantidade de lixo industrial, incluindo lixo tóxico, foram depositados por lá.

Entre os anos de 1984 e 1999, o Conselho Municipal da cidade realizou a demolição, escavação e reconstrução do local como parte de um programa de revitalização urbana. Isso envolveu o transporte dos resíduos para áreas povoadas e, também, uma pedreira ao norte do local. O lixo tóxico foi carregado em caminhões abertos, espalhando a lama nas estradas – e resultando em enormes quantidades de pó no ar.

O Início do Caso

No fim da década de 1980 até quase o fim dos anos 1990, as taxas de bebês nascidos com deficiências congênitas eram três vezes superiores às crianças nascidas no mesmo período em outras áreas – e dez vezes mais alto do que uma cidade com população de 60.000 habitantes deveria esperar.

Em todos os casos reportados ao tribunal, não existia histórico familiar de deficiências congênitas.

Caso é levado à Justiça

Porém, somente em novembro de 2005 que evidências de especialistas foram apresentadas ao Tribunal Superior de Londres pelas mães de 35 crianças. Elas alegaram que, durante suas gestações, foram expostas à contaminação das operações de remoção dos resíduos e, assim, buscaram provar a ligação entre a má gestão do lixo tóxico com as deficiências congênitas de seus filhos.

Entre as evidências apresentadas, estava incluso um relatório detalhando a taxa e relatório escrito por um especialista ambiental, que concluiu a negligência da cidade em lidar com o lixo (citando “inocência, arrogância, ignorância, incompetência e um possível conflito de interesse”).

Após a revisão das evidências de ambas partes, uma ordem foi aprovada pelo então presidente do Supremo Tribunal, Lord Phillips de Worth Matravers, onde estabeleceu os termos do litígio em relação à gestão e execução dos contratos de recuperação de terras pelo conselho, entre 1985 e 1999. Assim, foi dada a permissão para os pais movessem a ação contra o Conselho Municipal de Corby como ação coletiva envolvendo as crianças nascidas entre aqueles anos.

O caso foi apresentado à Suprema Corte em 2009, representado por 18 jovens que alegaram que os resíduos tóxicos despejados foram responsáveis por suas deficiências.

Audiência e Veredito

A audiência contou com as 18 famílias e, entre as alegações de um dos advogados que os representavam, estava a questão de ganância, da maneira – e quem – estava responsável na época pelo transporte do lixo, incluindo um caso de possível corrupção nesses contratos em 1997.

Entre as testemunhas, estavam um ambientalista (que, aos descrever a aparência das minúsculas partículas que pairavam na cidade naquela época, disse que era uma “sopa atmosférica de materiais tóxicos”.), e uma pediatra, que testemunhou que, entre os anos de 1989 e 1998, as crianças de Corby tinha 2,5 vezes mais chances de nascer com uma deformidade nos membros superiores que o restante região.

Um relatório preparado pelo Conselho Municipal de Corby foi descoberto, levantando a possibilidade de os moradores serem expostos a altos níveis de zinco, arsênio, boro e níquel como resultado das obras de revitalização. Em outro relatório, do auditor do conselho, há relatos de incompetência e negligência por parte dos contratantes.

Na decisão, o Juiz Akenhead disse que estava óbvio que o conselho havia permitido que os resíduos tóxicos se dispersassem na atmosfera. Segundo o Juiz, o período entre 1983 e 1997, o Conselho Municipal de Corby foi negligente em seu controle e gerenciamento dos locais que adquiriu da empresa de aço. E, isso, levou à dispersão de lama e poeira contaminadas sobre áreas públicas.

Ainda em 2009, o Conselho Municipal de Corby apelou à decisão, preferindo, entretanto, a participar de sessões de mediação independentes para chegar a acordos extrajudiciais com as famílias. O acordo foi mediado pelo juiz aposentado Sir Henry Brooke.

Porém, em abril de 2010, o Conselho divulgou nota conjunta com advogados das famílias, onde anunciou que estava retirando o recurso e chegaram em acordo financeiros com 19 famílias, reconhecendo que cometeram erros na limpeza do local e estenderam simpatia às crianças e famílias afetadas. Os valores estão sob segredo de justiça, e abrangeu três crianças que não estavam na decisão inicial.

Cidade Tóxica estreou em 27 de fevereiro no catálogo da Netflix. A produção é uma realização da Broke & Bones e One Show Films para a plataforma de streaming.

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