Críticas | Wicked
A primeira parte de “Wicked” estreia em 21 de novembro nos cinemas brasileiros.
Musicais possuem uma relação única envolvendo o público. A maneira como se utilizam canções como artifício narrativo para mergulhar em uma história, mostra-se eficaz e completamente envolvente para os palcos.
Ao realizar essa transição para as telas, é preciso notar que adaptações precisam ser feitas para funcionarem, também, nos cinemas. Um exemplo interessante é Amor, Simplesmente Amor, cuja versão nos palcos chega em 1957, e ganha duas ótimas adaptações para o cinema: em 1961, que remete o que está nos palcos, e em 2021, dirigido por Steven Spielberg e expande o que conhecemos da história.
Em desenvolvimento desde meados da década de 2010, Wicked tem uma das missões mais difíceis: traduzir em tela o que já é amado internacionalmente há mais de duas décadas.
A primeira parte de Wicked segue fielmente o primeiro ato do musical da Broadway. Somos introduzidos à Galinda (Ariana Grande-Butera), que chega à Universidade Shiz na esperança de se tornar uma feiticeira e participar do seminário especial de Madame Morrible (Michelle Yeoh). Enquanto isso, Elphaba (Cynthia Erivo) está na universidade para deixar a irmã Nessarose (Marissa Bode) e retornar com o pai à Terra dos Munchkin.
Entretanto, após tentar proteger a irmã, acaba revelando ter habilidades que intrigam Morrible – e logo é aceita na Universidade. Forçadas a dividirem um quarto, Galinda e Elphaba acabam formando uma amizade improvável que as leva até o Mágico de Oz (Jeff Goldblum).
Grande-Butera e Erivo estão maravilhosas em cena, mostrando química e potência em suas atuações. Mergulhando no que Kristin Chenoweth apresentou originalmente, e amadrinhada por ela, Grande-Butera se delicia nesse papel, enquanto coloca suas nuances na transformação de Galinda. Erivo mostra seu vocal encantador durante os números, e hipnotiza conforme aparece na tela e desabrocha em sua performance.
Destaques também para Yeoh como uma Morrible que cativa no primeiro instante, e Goldblum como o irreverente Mágico. Porém, Jonathan Bailey como Fiyero é um triunfo em cena. Capaz de ter química até com objetos inanimados, Bailey tem uma das sequências mais incríveis com “Dancing Through Life”, e consegue mostrar as camadas do personagem ao longo dos 160 minutos.
Jon M. Chu sabe utilizar as cores, mesmo que mutadas. São detalhes com objetos ou do figurino esplendoroso que aparecem para coordenar com a vivacidade da Cidade das Esmeraldas ou o campo de papoulas. Desde que se aventurou com Em um Bairro de Nova York (2021), Chu mostra que sabe expandir o que está em palco para as telas e fazer a audiência embarcar no que está sendo mostrado.
As sequências musicais são tão hipnotizantes, tão meticulosas, que lembram a razão de ser um dos musicais mais amados deste século. O roteiro de Winnie Holzman e Dana Fox aumenta o que já é conhecido, para dar mais dimensões aos acontecimentos que permeiam o primeiro ato – o que leva Elphaba a ser conhecida como Bruxa Má.
Assim, esta primeira parte de Wicked é uma celebração do musical e do livro que baseou a peça da Broadway. Grande-Butera e Erivo estão maravilhosas em cena, sendo homenagens e suas próprias versões de atrizes que já interpretaram os papéis. Expandindo o que é apresentado em palcos mundiais, Chu se deixa mergulhar em uma versão mais mutada do tecnicolor, para que figurinos e outros detalhes brilhem para mostrar a grandiosidade de todo o filme. O triste, porém, é esperar até novembro de 2025 para assistir à conclusão da história – e chorar ainda mais com todas as notas de “For Good”.
A primeira parte de Wicked estreia em 21 de novembro nos cinemas brasileiros.
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