Críticas | O Mal que nos Habita
“O Mal que nos Habita” estreia em 1º de fevereiro nos cinemas brasileiros.
Vários longas-metragens do gênero de horror, além de procurarem trazer suspense e sustos para o público, tentam trazer conversas sobre a humanidade, principalmente o embate sobre bondade e maldade. Obviamente, este tipo de diálogo não está somente ligado a este gênero, muitas vezes ganhando camadas em outros tipos de conteúdos.
Entretanto, falar sobre a maldade e, de certa maneira, em como ela está escondida em nossos seres, cultivada desde o início, é uma caminhada complica. Ainda que com princípios que partem do egocentrismo e uma normativa malevolente, em cenários destruíveis, compor tais narrativas para o público a serem exploradas, se tornam cada vez mais frequentes.
O Mal que nos Habita (Cuando acecha la maldad, no título original), filme dirigido por Demián Rugna e que chegou em outubro de 2023 ao catálogo do Shudder, nos EUA, tenta falar sobre esse mal que está inserido em nossos corpos, em nossa cerne. Em uma história familiar, que começa de forma tão grotesca para dar o tom violento, mostra um mergulho sobre ações que semeiam o verdadeiro caos.
A produção argentina é ambientada em um cenário devastado, onde a religião não está mais presente, e apenas lendas são contadas para explicar algumas situações. Quando os irmãos Pedro (Ezequiel Rodríguez) e Jaime (Demián Salomón) descobrem uma infestação demoníaca presente em uma casa próxima, eles buscam expulsar a vítima de suas terras. Porém, por não ser exorcizado na maneira correta, esse demônio (que busca renascer e comandar tudo que é vivo) começa a possuir outros corpos e afligir pessoas próximas aos irmãos.
O longa-metragem possui cenas assustadoras, com momentos que causam aflição exacerbada, e não foge da violência explícita e muito menos do gore. A tensão cresce por ser contida em um espaço de tempo curto, mostrando a necessidade de expelir o demônio das terras antes que aconteça algo pior.
As regras sobre se livrarem do mal são excelentes para contemplar a narrativa, assim como toda a ambientação interiorana. Somos constantemente testados pelo enredo criado por Rugna, o que faz com que o filme seja cativante, eletrizante, mesmo que os sustos sejam dosados e o gore seja o real protagonista da história.
No fim, O Mal que nos Habita é um destaque dentro do gênero. A corrida contra o nascer da criatura maligna, os conflitos pessoais dos irmãos e seu encerramento, conseguem ser exímios para trazer o desespero – mas um final pouco explicável que poderia ser trabalhado melhor durante os 99 minutos.
Mal que nos Habita estreia em 1º de fevereiro nos cinemas brasileiros.