Críticas | Nosferatu
“Nosferatu” estreia em 2 de janeiro nos cinemas brasileiros.

Reinterpretações de clássicos são um dos maiores desafios dentro do cinema atual. E nem falo apenas de modernização, trazer alguns aspectos para o século XXI, mas transformar algo atemporal para uma nova audiência.
Clássico do expressionismo alemão – e lançado em 1922 -, Nosferatu se tornou tão icônico, que transcendeu mídias e deu novos significados as histórias de Drácula (já que é inspirado no livro escrito por Bram Stoker, e um dos símbolos do gótico).
Dirigido por Robert Eggers, a nova versão segue próxima do trabalho original. Ambientado na Alemanha, em 1838, na cidade fictícia de Wisborg, o filme segue a obsessão de um conde – e vampiro – da Transilvânia a uma jovem mulher torturada.
Bill Skarsgard mostra ser um camaleão com mais uma atuação com próteses e maquiagem. A maneira como se comporta em cena intriga e ajuda nesse misticismo do Conde Olork. Lily-Rose Depp consegue mostrar uma Ellen Hutter aterrorizada, mostrando uma potência interessante ao lado de nomes como Emma Corrin, Willem Dafoe, Aaron Taylor-Johnson e, principalmente, Nicholas Hoult.
Depp seduz em cena, sendo muito vezes magnética nos cenários portuários e a maneira como o tormento de Ellen ganha destaque, mostra que está se desenvolvendo na atuação. Skarsgard também é sedutor, mesmo em um papel repulsivo, e Hoult cresce durante a jornada de seu personagem. A maneira como Skarsgard e Hoult dançam em cena no castelo do Conde, é fascinante e é possível ver a tensão crescente em cada momento que leva antes e de depois da chegada de Thomas Hutter na Transilvânia.
Eggers sabe utilizar a chama do fogo a seu favor, assim como a beleza gótica nas arquiteturas. A maneira como a cinematografia brinca com luz e sombra, é magnética durante os 130 minutos, sustentando a tensão em sua exibição. Outro destaque hipnotizante é a trilha sonora macabra, cheia de nuances em suas notas que ajudam a narrativa a se desenvolver.
No fim, Nosferatu é a apoteose dos trabalhos anteriores de Eggers. Mergulhando no gótico, numa história tão celebrada no século XX, o diretor mostra uma narrativa deslumbrante, magnética, cementada em uma tensão que hipnotiza e eleva o horror durante sua duração. Com atuações hipnotizantes de Depp, Skarsgard e Hoult, o filme é um trunfo para apresentar um clássico para uma audiência nova.
Nosferatu estreia em 2 de janeiro nos cinemas brasileiros.