Críticas | O Debate
“O Debate” estreia em 25 de agosto nos cinemas brasileiros.

Falar sobre política em produções audiovisuais é, geralmente, complicado. O ato de se compreender como algo político, não é difícil, mas, sim, trazer um diálogo forte, que ressoe com a audiência e que a faça pensar muito além do que está acostumado. Principalmente em um mundo polarizado, onde tudo se transforma em embate de torcidas, é facilmente explorado como leviano.
Em O Debate, novo filme escrito por Guel Arraes e Jorge Furtado (e baseado em livro homônimo escrito pela dupla), a inserção desse lado político, mesmo que seja totalmente ambientado dentro do segundo turno eleitoral, é sustentado apenas pelos personagens vividos por Débora Bloch e Paulo Betti, que, além de serem jornalista e editor dentro de uma emissora de televisão, também estão passando por um divórcio.
Com um viés óbvio, o filme não perde oportunidades de mesclar os tópicos do debate presidencial com suas vidas nos últimos 30 meses. Mesmo que a temática, e os discursos dos protagonistas, façam parte do que muitos acreditem, o longa-metragem acaba andando em círculos nos 100 minutos de duração, nunca explorando todo o potencial de seus personagens e se tornando apenas uma ferramente de um discurso.
A direção de Caio Blat é simples, sem grandes firulas para abraçar o que o roteiro entrega. As interpretações de Bloch e Betti são, como sempre, potentes, mas não se carregam sozinhos. O filme deveria ser sobre o relacionamento, talvez um retrato mais profundo sobre como a pandemia, a aproximação forçada, resultou em terem diálogos mais abertos, mas se transformou em apenas uma propaganda eleitoral (mesmo que concorde com pontos levantados pelo roteiro).
O Debate estreia em 25 de agosto nos cinemas brasileiros.