Dicas | Especial Trilogia das Cores

Filmes foram dirigidos pelo diretor polonês Krzysztof Kieslowski.

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Filmes abordam lema da bandeira francesa. (Foto: Reprodução)

Na metade da década de 1990, o diretor polonês Krzysztof Kieslowski dirigiu três filmes nos quais cada um deles abordava uma cor e uma parte do lema francês: Liberdade, Igualdade, Fraternidade.

A famosa trilogia das cores se tornou icônica sendo celebrada até hoje, inclusive com exibições restauradas nos cinemas ingleses em 2022, e entra no hall das grandes trilogias do cinema apesar de não ser tão popular quanto O Senhor dos Anéis ou O Poderoso Chefão.

Juliette Binoche, July Delpy e Irene Jacob estrelam A Liberdade é Azul, A Igualdade é Branca e A Fraternidade é Vermelha, respectivamente, e abaixo irei dar minha opinião após ter assistido pela segunda vez cada um deles.

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Juliette Binoche em A Liberdade é Azul. (Foto: Reprodução)

A Liberdade é Azul 

“Por que você está chorando?”

“Porque você não está….”

Em uma cena icônica do filme, Julie passa por uma parede com pedras e vai raspando a própria mão para machucar a si mesmo em uma forma de exteriorizar a dor que ela sente por dentro. Antes disso, ela põe para vender todos os bens e faz sexo com o amigo que sempre a amou.

A liberdade que Kieslowsky propõe não é uma liberdade só física, mas sentimental. Uma liberdade de não sentir mais nada para não se sentir mal, mas que a própria fuga de sentimentos é a real tristeza.

Ele mostra a fuga dela tanto de modo mais direto como vender a própria casa e ir morar em outro lugar como a metáfora de fechar um quarto por causa de um rato lá dentro e ficar para fora, mesmo que ela ouça o barulho vindo daquele quarto ao tentar dormir.

É o mais bem filmado de todos na minha opinião. A cor azul é praticamente um personagem no filme e a Juliette Binoche é impecável no papel.

O filme é bem curtinho. Tem 1h25min e trata a melancolia e o luto de uma forma que quase nenhum outro filme tratou, amo o sutil comentário sobre arte ao entorno dele também.

“Agora eu só tenho uma coisa a fazer: nada. Eu não quero nenhuma posse, nenhuma memória. Sem amigos, sem amor. Tudo isso são armadilhas.”

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July Delpy em A Igualdade é Branca. (Foto: Reprodução)

A Igualdade é Branca

A igualdade é branca é conhecido por ser o patinho feio da trilogia das cores, mas eu gosto muito dele, também. Gosto de como ele explora o significado de igualdade não como uma coisa boa, mas como uma vingança.

Se os dois personagens tivessem um tratamento igual, acredito que ele seria uma obra-prima assim como os outros.

Os personagens são interessantes e complexos, mas o tempo de tela é muito desigual. A July Delpy faz uma ótima Femme Fatale e some da história enquanto o Karol tem uma jornada de transformação incrível e ótima de acompanhar.

O que ela faz com ele no começo é revoltante, porém isso causa uma mudança drástica na vida dele e esse é o mais interessante da dinâmica dos dois. É sempre uma mistura de ódio/amor.

A cor branca não é tão bem trabalhada como as outras cores e isso é meio decepcionante, mas é um ótimo filme mesmo assim. O final é icônico

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Irene Jacob em A Fraternidade é Vermelha. (Foto: Reprodução)

A Fraternidade é Vermelha

Uma premissa que parece simples e que aos poucos vai falando sobre o efeito borboleta das nossas ações, chances, arrependimentos, destino e as possibilidades da vida.

No último filme da trilogia das cores, Kieslowski faz o filme mais agridoce dos três. Ao mesmo tempo que é minimalista ele também é maximalista, mas nunca foge do tema central: fraternidade.

Duas pessoas solitárias e de idades completamente diferentes, que por uma coincidência se conhecem, e juntos mudam a vida um do outro através da amizade e da compreensão da dor do outro.

A Irene Jacob e o Jean-Louis Trintignant são perfeitos para os papéis e a química deles funciona desde o primeiro minuto juntos.

Tem vermelho para todos os lados e a fotografia é a mais aconchegante, assim como o filme.

A conexão entre os três filmes é brilhante. No fim, estamos todos no mesmo barco, cada um com seus problemas.

Infelizmente, esse foi o último filme do Krzysztof Kieslowski antes de falecer bem precocemente, mas por um lado fico feliz que antes de ir ele deixou obras-primas que vão ser lembradas para sempre.

A Trilogia das Cores está disponível pelo hub do Telecine no Brasil.


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Lucas Vinícius

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