Crítica | A Crônica Francesa

Wes Anderson faz homenagem ao jornalismo dentro de seu mundo particular

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Filme é dirigido por Wes Anderson. (Foto: Reprodução)

Filmes dirigidos pelo Wes Anderson já viraram um gênero próprio nessa altura do campeonato. A simetria absoluta em todos os planos, os atores queridinhos, a direção de arte, os figurinos, os personagens excêntricos e o humor característico muitas vezes feito apenas com um movimento rápido de câmera já arrancou elogios até de Martin Scorsese, que usou os longas de Wes como exemplo de cinema autoral.

No mais novo filme dele, A Crônica Francesa, vemos tudo isso citado acima em uma estrutura de filme que é a cara dele: quatro histórias distintas que dão vida à última edição de uma revista prestes a fechar por causa da morte de seu editor, Arthur Howitzer Jr. (Bill Murray).

A primeira história, protagonizada por Owen Wilson, é a que mais dividiu a opinião das pessoas e é a que mais exige do espectador no aspecto de entender o porquê de ela estar lá e se quem está assistindo compra a ideia de que o filme é basicamente uma revista filmada. Eu entendo quem não gostou, mas eu adorei.

As outras três são bem mais fáceis de aceitar e é onde o diretor brinca com o universo que ele criou para si mesmo.

Em “A Obra-Prima Concreta”, a melhor “coluna” das quatro, Benicio del Toro, Léa Seydoux e Adrien Brody (claramente se divertindo no papel) vão do crime ao mercado da arte em um roteiro que brinca com a criação de demanda para aumentar o preço de obras de arte até a interpretações sobre obras abstratas.

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Cena de “A Obra-Prima Concreta”. (Foto: Reprodução)

Já “Revisões a um Manifesto”, com Timothée Chalamet e Frances McDormand, retrata os problemas de grupos estudantis revolucionários para escrever um manifesto e o envolvimento de uma jornalista no meio disso.

A última, intitulada “A Sala de Jantar Privada do Comissário de Polícia”, é uma história de crime em sua superfície, mas que, no fundo, fala sobre comida, com direito a uma seção em animação 2D. 

Tilda Swinton, Lyna Khoundri, Jeffrey Wright, Mathieu Amalric, Liev Schriber, Edward Norton, Elisabeth Moss, Willem Dafoe, Saoirse Ronan, Christoph Waltz, Jason Schwartzman e Angelica Houston completam o elenco inacreditável do filme, tendo uma ponta até de Bruno Delbonnel, conhecido como colaborador de loga data dos irmãos Coen como diretor de fotografia.

Para muitos, esse número de atores renomados tira o peso das cenas de cada um já que não existe espaço para uma construção de personagem bem definida de 90% deles, mas para esse tipo de filme em específico funciona já que os rostos conhecidos nos fazem ter um apego imediato por eles, sem precisar de um desenvolvimento muito estabelecido.

Os únicos que não consigo defender são os personagens do Willem Dafoe e da Elisabeth Moss que fazem um papel minúsculo e que te deixam querendo mais.

A Crônica Francesa é o mais Wes Anderson que o Wes Anderson consegue ser (até agora) e te faz lembrar que o cinema antes de tudo é diversão.

Eu estranhei quando os créditos subiram porque eu jurava que tinham se passado uns 30 minutos quando, na verdade, se passaram 1h45min. Eu poderia ver um longa-metragem inteiro de todas as histórias contadas ali, principalmente a do Benicio del Toro com a Léa Seydoux e Adrien Brody, que foi a minha preferida.

A Crônica Francesa estreou em 18 de novembro nos cinemas brasileiros.

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Lucas Vinícius

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