Entenda a nova greve dos roteiristas (e quais produções vão ser afetadas)

O Sindicato dos Roteiristas entrou hoje, 2 de maio, em greve após estúdios e plataformas não aceitaram demandas de melhorias trabalhistas.

Sindicato dos Roteiristas Greve
Foto: Getty Images/Reprodução

Após votação onde quase 98% aceitaram entrar em greve caso estúdios e plataformas não aceitassem o novo acordo em meados de abril, o Sindicato de Roteiristas entrou oficialmente em greve nesta terça-feira, 2 de maio – 15 anos após a última paralisação e que durou 100 dias.

Em nota, o Sindicato afirma que a sobrevivência da escrita como profissão está em pauta durante as negociações. Com a mudança da forma como é possível assistir às produções, com o advento das plataformas de streaming, os roteiristas estão se sentindo desvalorizados na indústria. “Embora os lucros das empresas tenham permanecidos altos e os gatos com conteúdo tenham crescido, os roteiristas estão ficando para trás”, completa. “As empresas usaram a transição para o streaming para reduzir o pagamento dos roteiristas e separar a escrita da produção, piorando as condições de trabalho dos roteiristas de séries em todos os níveis”.

Entre as problemáticas, está a recusa em garantir qualquer nível de emprego semanal na televisão episódica, até a criação de uma taxa nas categorias de variedade; além de obstrução do trabalho gratuito para roteiristas e o uso de Inteligência Artificial para mudança dos roteiros. Outro fator em foco é a falta de ganhos pelos resíduos dos episódios exibidos e o uso de mini-salas para produção de pilotos – com valores abaixo dos recebidos em uma década.

Sobre as demandas, o Sindicato afirma que deseja preservar a sala dos roteiristas, enquanto os estúdios desejam uma “equipe obrigatória”. Fontes da Deadline confirma que a ideia foi rejeitada pela AMPTP por algumas produções durarem meses para serem concluídas – onde plataformas de streaming não aceitam uma série até terem todos os episódios escritos. Levantou-se o ponto, também, que existem seriados escritos por uma única pessoa (The White Lotus, por exemplo), e como a compensação com roteiristas de apoio seria realizada.

Sobre os residuais, o Sindicato deseja um aumento entre 5% e 6% sob o curso de um novo contrato de três anos. Mas, de acordo com eles, a AMPTP deseja ir apenas até 4% (mas não informado como plataformas de streamings colocariam isso em vigor, já que não realizar re-exibições de forma convencional).

Diferentemente da greve que aconteceu há mais de dez anos, que aconteceu durante a midseason norte-americana, afetando profundamente o número de episódios exibidos e, também, a programação de algumas emissoras, a atual paralisação deverá impactar em primeira instância os talk-shows noturnos e programas de variedade, como Saturday Night Live que cancelou a participam de Pete Davidson. As novelas, cujas produções acontecem diariamente, também devem sofrer com a greve.

A produção de novos roteiros para séries para a nova temporada começam, geralmente, entre maio e junho, o que poderá afetar não somente nas gravações. Segundo o Sindicato, durante a paralisação é proibida qualquer mudança nos roteiros escritos previamente e de roteiristas conversarem com plataformas e produtores sobre possíveis pitches (apresentação). Ou seja, caso a negociação se estenda, poderá afetar um período significativo das encomendas de roteiros.

Outra situação potencializadora é que outros sindicatos devem entrar em negociações com o AMPTP sobre novas demandas, incluindo de Diretores, de Atores e de Efeitos Visuais. Todos os contratos vigentes se encerram até o fim de junho.

Comentários