Críticas | Avatar: Fogo e Cinzas
“Avatar: Fogo e Cinzas” estreia em 18 de dezembro nos cinemas brasileiros.

Existem produções que necessitam de tempo para serem produzidas. Seja a criação de tecnologias adequadas ou um momento para encaixar uma narrativa que se justifique, essas obras sempre serão esperadas e colocadas no lugar mais alto de pódios.
A exemplo disso, sempre será a franquia Avatar. O filme de James Cameron chegou em 2009 nos cinemas, causando estrondo na bilheteria e na forma como se encarou o cinema. Doze anos depois, Avatar: O Caminho da Água (2022) chegou para mostrar que a espera foi necessária para fazer um visual capaz de ser capturado em uma tecnologia criada para aquele momento. Agora, o terceiro filme da saga chegou mais rapidamente para os fãs.
Um ano após os acontecimentos do filme de 2022, Avatar: Fogo e Cinzas mostra a família Sully lutando contra a ameaça do Povo das Cinzas – uma tribo Na’vi comandada por Varang (Oona Chaplin) – que se juntam à RDA para explorar Pandora. Essa ameaça levará a família a conflitos internos, limites emocionais e físicos.
É importante notar que a franquia é um projeto de paixão de Cameron. O diretor já mencionou diversas vezes que a demora da sequência estava relacionada a tecnologia, e gravou O Caminho da Água e Fogo e Cinzas simultaneamente ao longo de três anos (e seu desejo de completar o arco de cinco filmes influencia como percebemos os enredos).
A história em si não é complicada e o que sempre deixará o público hipnotizado são os visuais deslumbrantes. O roteiro se parece muito com o segundo longa-metragem, com a mudança de narrador e tensões familiares mais acaloradas. Entretanto, até quando é possível ignorar que é uma reciclagem de tropos? O antagonismo de Quaritch (Stephen Lang) se sustentará até o quinto longa-metragem?
Em 197 minutos, Cameron consegue entreter de maneira primorosa em seu primeiro terço. Depois, elementos cansativos e uma história mais tensa (e terna) envolvendo Kira (Sigourney Weaver) e Spider (Jack Champion) complica ainda mais os sentimentos em relação à narrativa. Neytiri (Zoe Saldaña) se torna uma personagem irreconhecível (e é aceitável até certo ponto), enquanto Jake (Sam Worthington) se esvaí ao longo do filme.
Os embates de Jake com Lo’ak (Britain Dalton) são apenas de validação parental e uma culpa carregada pela morte do irmão. A relação entre o segundo filho e Payakan é a mais interessante de todas as propostas, e ainda assim é desgastante por ainda circular na história do longa-metragem anterior.
Cameron afirmou que o filme de 2022 e este são uma unidade (enquanto o possível quarto e quinto longa-metragem da saga épica de ficção científica, vão atuar como outro capítulo). Porém, acredito que essa visão prejudique como enxergar essa história em particular. Afinal, não é apresentado, necessariamente, crescimentos dos personagens ou camadas interessantes para eles – e até se os assistir juntos, só entrega elementos intrigantes nos primeiros 90 minutos.
Assim, Avatar: Fogo e Cinzas continua um espetáculo visual, uma imersão admirável de Pandora. Porém, Cameron comete deslizes ao reforçar situações que já aconteceram no filme anterior e escolhas narrativas para os personagens que deveriam ter ficado no passado. Por mais deslumbrante e intrigante o Povo das Cinzas seja, se tornam meros figurantes no enredo proposto e perdem completamente o exibicionismo mostrado no início. Sabemos que teremos os longas-metragens que vão concluir a história prevista por Cameron, porém, a reciclagem de antagonismos e tropos deixa uma impressão complicada para a audiência – que continuará a acompanhar a saga por seu visual e intrigante tecnologia.
Avatar: Fogo e Cinzas estreia em 18 de dezembro nos cinemas brasileiros.
