Críticas | Ângela Diniz: Assassinada e Condenada

Série limitada brasileira, “Ângela Diniz: Assassinada e Condenada” estreia em 13 de novembro no catálogo da HBO Max.

Críticas | Angela Diniz: Assassinada E Condenada
Marjorie Estiano interpreta a socialite na série limitada. (Foto: Reprodução)

A exploração de casos reais em produções audiovisuais é uma forma de detalhar, examinar as ações daqueles associados com um crime – sejam as vítimas ou os criminosos. Nesse gênero tão celebrado no século XXI, também é capaz de revisitar alguns casos que chocaram a sociedade e que, hoje, ganham novas perspectivas.

É o caso de feminicídios. O termo ganhou força apenas em 2015 na legislação brasileira e, portanto, muitos casos do século passado seriam classificados desta maneira atualmente. Afinal, muitos são motivados por ciúmes, possessividade, menosprezo pela rejeição.

Inspirada no podcast “Praia dos Ossos”, a série limitada Ângela Diniz: Assassinada e Condenada narra a história da socialite morta a tiros por seu companheiro em sua casa em Búzios. O crime chocou o país e gerou um dos julgamentos mais midiáticos da história do Brasil, cuja pressão popular e mobilização de movimentos feministas foram fundamentais para aumentarem a sentença – e virarem um marco na luta pelos direitos das mulheres.

Logo no início, nos deparamos com os dizeres que Ângela era linda, livre e louca – ou era isso que diziam sobre sua persona. E isso, na década de 1970, era perigoso. Com Marjorie Estiano interpretando a socialite, a série mostra a mídia machista, misógina na cobertura de sua própria vida. Afinal, tudo se pautou em como se relacionou com homens casados e a culpa só recaiu sobre suas costas, jamais em como eles a perseguiam e utilizavam como estampa de poder o fato.

Emílio Dantas interpreta o assassino convicto, Doca Street, que se utilizou de táticas de “defesa de honra”. Ao seu lado, Antônio Fagundes vive o advogado Evandro Lins e Silva, responsável pela defesa de Street, que conduz as cenas do julgamento de maneira que somente alguém de seu calibre é capaz de conduzir.

O roteiro de Elena Soáres tenta ajustar a história para ter compreensão completa da possessividade do homem que jurava amar Ângela, além da discrepância de tratamentos entre as partes. Ao longo dos seis episódios, somos apresentados a homens que tratam a socialite como mercadoria, outros que julgam por seu estilo de vida – mesmo que tenham usufruído dele. Um destaque importante do roteiro é a rede de apoio feminino criada pela socialite, principalmente no Rio de Janeiro, com pessoas que se apoiam nela e que ela pode, no mínimo, ser ela de maneira desinibida.

Assim, Ângela Diniz: Assassinada e Condenada é o retrato sobre o machismo, um debate profundo de feminicídio – mesmo que, na época, não fosse capaz de ser rotulado desta maneira. Mesmo quase cinquenta anos depois, ainda encontramos casos envolvendo o mesmo roteiro e continuam a mostrar que não aconteceu evolução. Em certo momento, Ângela diz que sua condenação começou no dia em que resolveu se separar do marido que casou com 17 anos, e isso impera nesta série limitada – já que sofreu violências pelo simples fato de querer ser livre.

Ângela Diniz: Assassinada e Condenada estreia em 13 de novembro no catálogo da HBO Max.

Nota:

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