Críticas | O Telefone Preto 2
“O Telefone Preto 2” estreia em 16 de outubro nos cinemas brasileiros.

Eu sou daquelas que acredita que poucos são os filmes de terror que são capazes de ganhar continuações. Afinal, muitos derrotam os seres malignos que assombram suas vidas nos minutos finais para fechar a história em uma nota positiva.
Lançado em 2021, O Telefone Preto era daqueles que não precisava de uma continuação – pelo menos naquele momento. A história, baseada no conto de Joe Hill, era sobre a sobrevivência de um garotinho nas mãos de um assassino em série e a incansável busca de sua irmã por ele – através de seus sonhos premonitórios.
Quatro anos após os acontecimentos do primeiro filme, O Telefone Preto 2 explora parte dos traumas de Finn Blake (Mason Thames). Porém, o grande destaque está em Gwen (Madeleine McGraw), que herdou os poderes da mãe e, dessa vez, seus sonhos a levam, junto com o irmão, até um remoto acampamento cristão nos pés da montanha do Colorado.
Presos após uma nevasca, os Blake e Ernesto (Miguel Mora) precisam compreender os sonhos de Gwen com, e qual a ligação do Sequestrador (Ethan Hawke) com o local – além de desvendar um pouco mais sobre o passado da mãe.
A direção de Scott Derrickson tem um trunfo singular nesta sequência: a maneira como os sonhos de Gwen são utilizados e, principalmente, estilizados. Pegando o imaginário de fitas VHS, que se encaixam na época em que o filme é ambientado, o longa-metragem consegue se distinguir entre tantos outros que trazem esse mesmo mecanismo.
Ethan Hawke continua hipnotizante – mesmo atacando apenas sonhos e com seu rosto coberto em 99% dos 114 minutos do filme. Thames ascende em tela, mostrando seu amadurecimento e o grande destaque está em McGraw (que assume o protagonismo). Juntos, Finn e Gwen trabalham para superar os traumas familiares e se unirem para finalizar quaisquer resquícios que o Sequestrador deixou em suas trajetórias.
Assim, O Telefone Preto 2 busca outro sentimento para os personagens de Joe Hill. Se o primeiro longa-metragem era sobre a sobrevivência de Finn, neste Gwen assume o protagonismo com seus sonhos em uma narrativa sobre resiliência – e a necessidade de dialogar sobre os níveis do trauma vivido pela família. Derrickson continua a mostrar sua força no gênero e como se sente confortável em trazer essa história para o público, cheia de sangue que contrasta com a neve nas montanhas.
O Telefone Preto 2 estreia em 16 de outubro nos cinemas brasileiros.