Críticas | O Filho de Mil Homens

Dirigido e escrito por Daniel Rezende, “O Filho de Mil Homens” estreia em 19 de novembro no catálogo da Netflix.

Críticas | O Filho De Mil Homens
Rodrigo Santoro e Rebeca Jamir (Foto: Marcos Serra Lima/Netflix © 2025)

Em uma sociedade de amores líquidos, de fragilidades de laços humanos, se apegar a uma história que reflete sobre como a humanidade caminha nessa busca por conexões que são, facilmente, reduzidas a farelos.

Baseado no livro de Valter Hugo Mãe, O Filho de Mil Homens conta a história de Crisóstomo (Rodrigo Santoro), um pescador de 40 anos que sonha em ter um filho. Sua vida se transforma ao conhecer Camilo (Miguel Martines), um menino órfão que passa a fazer parte de sua rotina. O caminho dos dois se cruza com o de Isaura (Rebecca Jamir), uma mulher na busca de fugir da própria dor, e Antonino (Johnny Massaro), rapaz incompreendido, e, desta forma, aprendem o verdadeiro significado de família.

Sob o roteiro e direção de Daniel Rezende (Turma da Mônica – Laços), o filme é extremamente poético e traz de maneira singular o texto de Hugo Mãe. Através da narração potente de Zezé Motta, busca trazer uma conversa sobre afeto e solidão, sobre como somos parte de tantos que, de alguma forma, passaram por nossa trajetória – seja pelo acaso, destino ou apenas coincidências.

A estética de Rezende transcende e deixa tudo em tom etéreo. O som do mar que acalma Crisóstomo faz parte dessa fábula e de uma costura bem acertada pelo diretor em seu projeto mais sonhado (como deixa evidente nos créditos finais). As ondas se tornam um abraço, uma proteção e, conforme a luz laranja engrandece, melhor compreendemos seus significados.

Em 126 minutos, Santoro arrebata com uma interpretação tão sensível. Jamir e Massaro se complementam em suas narrativas, com ambas personagens inseridas em enredos de preconceitos. Juliana Caldas é outro destaque, com uma personagem invisível para muitos e com uma carga emocional dilacerante, enquanto o jovem Martines consegue imprimir, e construir, uma relação aos poucos com o núcleo principal – na busca pelo afeto nessa vida tão jovem e com tantas perdas.

Assim, O Filho de Mil Homens possui uma aura, uma delicadeza ao contar a história de Crisóstomo em tela. Primoroso, o filme traz uma narrativa poética sobre o que é ser uma família, navegando por um espaço-tempo sobre afeto, solidão que cresce no silêncio e na voz de Motta. Uma contemplação sobre o pertencimento e a nossa trajetória.

O Filho de Mil Homens estreia em 19 de novembro no catálogo da Netflix. O filme terá exibições em cinemas selecionados a partir de 30 de novembro no Brasil.

Nota:

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