Críticas | Amores Materialistas
“Amores Materialistas” estreia em 31 de julho nos cinemas brasileiros.

As relações amorosas do século XXI estão, no mínimo, lúgubres. Seja com inúmeros aplicativos de namoro, indústria casamenteira ou a interação física, estamos em um cenário que não deseja que tenhamos compatibilidade baseado no que consideramos atrativos (em personalidade, estilo de vida ou qualquer outro atributo), mas, sim, na busca desesperada para não ficar sozinhos e solitários – mesmo que signifique se contentar e não amar.
Em Amores Materialistas (Materialists), acompanhamos Lucy (Dakota Johnson), uma casamenteira em Nova Iorque que se vê dividida entre dois homens: seu ex-namorado aspirante a ator (Chris Evans) e um charmoso milionário (Pedro Pascal).
Dirigido por Celine Song (Vidas Passadas), o filme explora o cenário das relações românticas modernas, sob uma ótica extremamente feminina. Em diálogos precisos, o longa-metragem mostra essa busca incansável pelo que se é desejado e não se contentar com menos que acredita e que precisa se arriscar. Além de destacar que casamentos, por vezes, se tornam transações bancárias não tão longe do que acontecia com frequência em séculos passados, e outras vezes é por motivos extremamente fúteis.
Johnson está confortável como Lucy. A personagem se desconstrói durante os 117 minutos, e compreende que, por vezes, estamos em uma bolha bem estruturada – que se estoura facilmente. Em uma indústria que busca preencher requisitos e “investimentos físicos”, esquece de procurar mais sobre alguns deles de maneira mais profunda para não acontecer nenhum equívoco na hora de juntar duas pessoas.
Evans e Pascal possuem o carisma que falta à Johnson. Cada um presente em um determinado momento da vida de Lucy, estão ali quase em tropos de livros de romances. Porém, mostra que estamos acompanhando, também, questões de amadurecimento pessoal e nas questões românticas da protagonista. Mesmo que parte da situação financeira seja importante para a protagonista, também percebe que não abre mãe de estar apaixonada por aquele que, eventualmente, decida casar ou pelo menos passar a vida junto.
O estilo de Song continua algo exuberante em tela. Mesmo sem acertar completamente em como lida com um assunto tão delicado, seu roteiro preciso se torna o principal destaque de todo o longa-metragem. A maneira como utiliza uma das capitais financeiras mais importantes do mundo como cenário, conversas nada sutis sobre dinheiro, é o que traz charme para uma história romântica simples.
Assim, Amores Materilistas lida com o que se acredita ser a superficialidade do cenário de relações românticas modernas. Diálogos em termos financeiros ajudam a compreender onde se estende a alegoria, assim como conversas envolvendo as mentiras contadas em aplicativos de namoro e a frivolidade que se transforma em mudanças físicas (sutis ou não). Parafraseando algo dito no filme, muitos não buscam milagres, nem mesmo os chamados “unicórnios”, apenas alguém para amar e ser amado.
Amores Materialistas estreia em 31 de julho nos cinemas brasileiros.