Críticas | Sereias
“Sereias” estreou hoje, 22 de maio, no catálogo da Netflix.

Criaturas místicas são ótimas alegorias para narrativas. As histórias dos mitos, lendas, e afins, conseguem conversar com o que obras audiovisuais buscam entregar para o público geral. Afinal, desta forma é possível compreender quais aspectos apresentados se assemelham ao que roteiristas desejam, fazer as correlações para abraçarem o projeto.
Criada por Molly Smith Meltzer, e baseada em peça escrita por ela em seus anos de faculdade, Sereias (Sirens) é ambientada durante um único fim de semana em uma casa luxuosa. Devon (Meghann Fahy) está preocupada com sua irmã mais nova, Simone (Milly Alcock), e o seu relacionamento com a chefe bilionária Michaela (Julianne Moore). Durante esse período, o embate entre Devon e Michaela mostra mais camadas da situação e o relacionamento complicado entre empregada e empregadora.
Em cinco episódios, acompanhamos principalmente uma narrativa sobre relações destrutivas. Com uma infância complicada, Devon e Simone precisam lidar com traumas e como as moldou ao longo do tempo. Até mesmo a vida de Michaela e do marido Peter (Kevin Bacon) possui camadas profundas, envolta de mistérios que rondam (e se tornam fofocas) para aqueles que não estão inseridos no espaço luxuoso.
Os episódios se concentram nas ascensões, quedas e no canto místico da criatura capaz de enfeitiçar (principalmente homens). A narrativa mostra como as três protagonistas seduzem as pessoas ao redor, enquanto se encaram em embates sobre poder, traumas e mecânicas para superar estados de pânico, mania ou para fugir da realidade apresentada.
Assim, Sereias tem o intuito de atrair personagens para o fundo do mar, mesmo que de forma não-intencional, em alegoria sobre a destruição pessoal e em combate sobre quem irá superar a própria desgraça. Fahy continua em uma ascensão poderosa desde a segunda temporada de The White Lotus, assim como Alcock mostra mais facetas após destaque em A Casa do Dragão. Moore mostra uma Michaela que se propõe a manter aparências, que se expande com cada vez que mostra o poder de sua voz para as personagens. Apesar dessa necessidade de investigar, e não saber exatamente até qual ponto cada personagem pode ir nesse ambiente, a série limitada continua na empreitada de Metzler de trazer histórias femininas que impactem de alguma maneira.
Sereias estreou hoje, 22 de maio, no catálogo da Netflix.