Críticas | O Esquema Fenício
“O Esquema Fenício” estreia em 29 de maio nos cinemas brasileiros.

Existem cineastas que você consegue identificar padrões que se toram características de suas produções. Um desses nomes é Wes Anderson, conhecido por histórias cômicas, excêntricas, e o visual com enquadramentos simétricos e únicos. Considerado um auteur do cinema pós-moderno, o diretor e roteirista se torna um símbolo da indústria principalmente a partir da década de 2000, conquistando audiências desde A Vida Marinha de Steve Zissou (2004), O Fantástico Sr. Raposo (2009) Moonrise Kingdom (2012) e O Grande Hotel Budapeste (2014).
O projeto mais recente do diretor é O Esquema Fenício (The Phoenician Scheme), que estreou no Festival de Cannes desse ano. No filme, seguimos a história do empresário Zsa Zsa Korda (Benício del Toro), que deixa sua filha Liesl (Mia Threapleton) como única herdeira de seus negócios. Conforme embarca em uma empreitada, logo se tornam alvos de magnatas, terroristas estrangeiros e assassinos neste projeto de espionagem cômica.
O filme mostra que Michael Cera nasceu para estar em um projeto de Anderson. Como Bjorn Lund, um dos personagens que contornam a narrativa, o ator brilha ao lado de Threapleton em alguns momentos dos 105 minutos de duração. O trio de personagens principais embarcam na excentricidade pesada que faz parte dos projetos de Anderson, mas nem tanto atraindo os efeitos desejáveis nas viradas programadas.
Por mais carismático que o elenco seja, e ter todos os elementos de uma produção de Anderson, o filme não desabrocha. A história parece fugir do controle do diretor, e nem mesmo com Tom Hanks, Bryan Cranston, Jeffrey Wright, Scarlett Johansson, Benedict Cumberbatch, Riz Ahmed, entre outros nomes, o longa-metragem se torna lento, sonolento, com apenas alguns momentos de risadas.
O que é realmente desapontante, pois Anderson trouxe recentemente projetos exuberantes como Asteroid City (2023) e uma série de curtas-metragens inspirados nos contos de Roald Dahl para a Netflix (que garantiu, finalmente, seu primeiro Oscar). Existe uma ineficiência na narrativa e como é conduzida, deixando rastros de sonolência conforme avança e deixa tudo no marasmo, em uma apatia desastrosa para o auteur.
Assim, O Esquema Fenício continua a trazer a singularidade de Anderson na tela, um banquete para os apaixonados (como eu) por seu estilo. Porém, a história não funciona como desejado, mutias vezes arrastado em seus capítulos elaborados e que não florescem na excentricidade. E, apesar de uma dupla que rouba a atenção e um elenco primoroso, o longa-metragem se torna apenas algo inexpressivo do diretor.
O Esquema Fenício estreia em 29 de maio nos cinemas brasileiros.