Primeiras Impressões | Beleza Fatal
Primeira novela da Max, “Beleza Fatal” estreia em 27 de janeiro no catálogo da plataforma de streaming.
Novelas é um patrimônio cultural do Brasil. Mesmo com advento das séries, o formato é daqueles que são fundamentais para narrativas no país. O melodrama Pedaço de Mim, que estreou ano passado no catálogo da Netflix, mostra que o streaming começa a apostar em produções exclusivas (ou cuja primeira janela de exibição seja seus catálogos) dentro do gênero.
Escrita por Raphael Montes, Beleza Fatal é o primeiro passo da Max no formato. A novela é centrada em Sofia (Camila Queiroz), cuja vida na infância é transformada em pesadelo quando a mãe (Vanessa Giácomo) é presa – injustamente por causa da prima Lola (Camila Pitanga), e acaba falecendo na prisão. Ela acaba ganhando abrigo na família Paixão, liderados por Elvira (Giovanna Antonelli), cuja filha enfrenta consequências graves de uma cirurgia plástica malsucedida. Juntas, canalizam suas perdas em uma busca por vingança e justiça.
Os 10 primeiros capítulos disponibilizados à imprensa trazem o panorama da história que se estenderá por 40 episódios. A vingança é o cerne da narrativa, até que ponto somos capazes de ir para atingir esse objetivo, como costurar o plano sem se perder e se deslumbrar com acontecimentos.
Pitanga e Antonelli são as forças da primeira fase, que dura cinco capítulos. Sem escrúpulos, Lola não tem medo de ser a epítome daquelas que não medem esforços para chegar aonde deseja, passando por cima de alguns e sem medo de chantagear ou enganar. Já Elvira, casada com Lino (Augusto Madeira), realiza alguns golpes para sobrevier no subúrbio e se apoia em sua comunidade do bairro.
Nos outros capítulos, a entrada de Queiroz (que gravou mais de 12 projetos nos últimos três anos) dá seu toque como Sofia. Ao lado de Breno Ferreira e Romaní, mostra a capacidade de químicas absurdas, também a construção de uma personagem caminhando na corda-bamba para vingar a mãe – e a si – nessa jornada.
Também é importante notar a presença (e atuações explosivas) de Caio Blat, Marcelo Serrado, Murilo Rosa (com um arco belíssimo ao lado de Kiara Felippe), Manu Morelli, Júlia Stockler, Herson Capri e Naruna Costa no elenco. Eles são as peças-chave para os 10 capítulos iniciais, e são tão condutores da história quanto as protagonistas.
Os roteiros possuem alguns problemas que são difíceis de compreender. A primeira fase é ambientada em 2009 e alguns diálogos esquecem que estão nessa época, utilizando de gírias que ganharam força nessa década. Entretanto, é louvável o quanto tenta costurar os arcos para que tudo seja entrelaçado e a história ganhe núcleos que ganhem força com o passar dos capítulos, além de diálogo sobre a pressão estética, o perfeccionismo, a ética médica (e sua própria moral).
Montes e toda a equipe da novela gostou de afirmar que o projeto não terá “barriga”, algo contínuo e que não terá extensões além do necessário. Porém, fica o questionamento do que se difere de produções da Globo de tantos anos atrás, que apresentavam, na faixa após as novelas das 21h e no início do ano, geralmente, minisséries que tinham número de capítulos similares. E, também, até que ponto a “não barriga” se faz necessária, quando pode dar espaço para outros arcos crescerem.
No fim, Beleza Fatal ainda é uma incógnita por diferentes motivos. Um deles, é como uma obra fechada, em formato tão amado, será aceito dentro do streaming. A supervisão de Silvio de Abreu ajuda para que a história caminhe e se torne algo “pegável”, algo que faça as pessoas quererem assistir – e, também, o texto de Montes, tão conhecido em seriados e livros, faz parte do que o público pode consumir facilmente, mesmo que o início tenha problemas em situações que não condizem com o momento.
Beleza Fatal estreia em 27 de janeiro no catálogo da Max, com o lançamento de cinco capítulos. Os episódios serão disponibilizados para os assinantes da plataforma de streaming em blocos de cinco capítulos até o dia 17 de março. A novela é uma produção da Coração na Selva.
