Críticas | Emilia Pérez

“Emilia Pérez” estreia em 6 de fevereiro nos cinemas brasileiros.

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Foto: Reprodução

É certo que nenhum filme (ou qualquer obra audiovisual, ou livro) não deseja ser conhecido por suas polêmicas. Afinal, o deve ser analisado, consumido, é apenas o que está em tela e não o que acontece em bastidores. E, infelizmente, Emilia Pérez está dentro dessa categoria que se conversam mais sobre suas polêmicas, sua jornada desastrosa na boca do povo após sua exibição no Festival de Cannes em maio do ano passado.

Neste texto, não irei mencionar as polêmicas envolvendo o filme francês. Existem muitas opiniões a serem declaradas (algumas até maldosas envolvendo Karla Sofía Gascón), e como virou uma guerra de fãs e não uma conversa que tenha conteúdo contundente. Porém, é importante lembrar que, em partes, é uma produção desagradável sobre o México, uma visão extremamente europeia, colonizadora sobre o país. E, isso, é o que é preciso mergulhar e compreender – e, muitas vezes, deixar a passionalidade de lado para conseguir entregar o melhor texto.

Emilia Pérez é centrada em quatro mulheres. A primeira é Rita (Zoe Saldaña), uma advogada que acaba sendo contratada para trabalhar para encontrar onde será possível realizar a cirurgia de afirmação de gênero da liderança de um cartel. A liderança é a personagem título (vivida por Karla Sofia Gascón) que, após a transição, passa a viver no exterior e reencontra Rita quatro anos depois.

Também temos Jessi (Selena Gomez) que, após a “morte” do marido, mora na Suíça e retorna ao México quando Emilia deseja se reconectar com os filhos. Nessa jornada, Emilia se torna uma liderança para encontrar pessoas desaparecidas e, dessa forma, seu caminho se cruza com Epifania (Adriana Paz), uma mulher que não deseja reencontrar o marido abusivo.

Baseado livremente no livro Écoute, de Boris Razon (lançado em 2018), e em livreto escrito por Jacques Audiard (diretor e roteirista), o filme não flui da maneira orgânica, com muitos arcos para pouco desenvolvimento. Existem barreiras próprias para conseguir costurar a história. Enquanto a obra de Razon é descrita como uma “reflexão sutil sobre identidade, solidão e intimidade” neste mundo hiperconectado, por Pascal Ruffenach, o longa-metragem não consegue mergulhar completamente no que deseja, cortando qualquer chance de ser identificável.

Os números musicais não são embarcáveis dentro da história. Tirando “El Mal” e “Mi Camino”, que são os destaques por diferentes motivos, seja a coreografia ou a maneira como são introduzidas na trama, o restante dos números são dispensáveis dentro do enredo, ou poderiam acontecer narrativamente se fossem diálogos. A tentativa de ser um musical modernizado, algo que poderia ser completamente exultante, é falha por como (e onde) levam os números.

No fim, Emilia Pérez não sabe muito bem o que deseja ser para o público-geral. É uma bagunça narrativa com números musicais, com grande estrelas que estão entregues ao mundo criado. Porém, está longe de ser o pior projeto já realizado, e seus problemas estão mais fora da tela do que dentro.

Emilia Pérez estreia em 6 de fevereiro nos cinemas brasileiros.

Nota:

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