Críticas | Gladiador II
“Gladiador II” estreia em 14 de novembro nos cinemas brasileiros.
Históricos épicos são um dos gêneros mais antigos dentro do cinema. Assim como a literatura, são parte de um espetáculo sobre heróis, muitas vezes improváveis, com uma extravagância para narrar uma história – fictícia ou baseada em fatos.
Um desses destaques, obviamente, é Gladiador (2000). Dirigido por Ridley Scott, com Russell Crowe e Joaquin Phoenix no elenco, é um dos projetos que se tornaram símbolo desse gênero – e trazendo um mergulho semi-histórico sobre o Império Romano.
Gladiador II é ambientado 16 anos após os acontecimentos do filme ganhador do Oscar de Melhor Filme. Lucius (Paul Mescal), agora conhecido como Hano, está na região de Numídia, vivendo com esposa Arishat (Yuval Gonen) e acaba preso pelo Império Romano nas mãos do General Marcus Acacius (Pedro Pascal), é comprado por Macrinus (Denzel Washington) para atuar como gladiador no Coliseu. Em uma Roma controlada pelos irmãos Geta (Joseph Quinn) e Caracalla (Fred Hechinger), o legado de Marcus Aurelius está destruído e Lucilla (Connie Nielsen) ainda espera encontrar o filho e voltar para o sonho do pai.
Ridley Scott é um dos poucos diretores que conseguem trazer a imposição de batalhas em tela. Até mesmo Napoleão (2023), com sua crise narrativa, sabe dimensionar as centenas de guerras enfrentadas pelo francês. E, neste filme, tanto na batalha inicial, quanto os embates dentro do Coliseu, possuem uma grandiosidade em detalhes que vão além de coreografias de embates de espadas ou punhos. O diretor constrói a tensão, o espetáculo proposto em cena, mostrando que continua a ter uma visão muito específica para conectar o público.
Os ainda jovens Mescal, Quinn e Hechinger conseguem se segurar em cena ao lado de nomes tão emblemáticos do cinema. Enquanto Mescal se transforma no herói que Roma precisa nessa ficção baseada em História, Quinn e Hechinger interpretam caricaturas expansivas, uma reinterpretação do conto de Remo e Rômulo.
Porém, o grande destaque é Washington e sua interpretação régia, shakespeariana. Um ex-escravo, não sabemos como ascendeu ao poder dentro da Corte, mas seu jogo político é uma maneira de trazer outras tensões para dentro desse Império fragilizado. Ele rouba a atenção toda vez que aparece em cena, sabendo as feridas de cada um dos jogadores deste jogo a longo prazo.
Sendo uma ficção baseada em algumas figuras históricas, o filme de 148 minutos se torna um épico que ecoa – e se sustenta – muito pelo seu predecessor. Mas dificilmente apagará completamente o sangue jorrado, e o visual hipnotizador. Um desses destaques são as batalhas dentro do Coliseu ao som de tambores, enquanto, em determinado momento, vira um som ambiente para que o público na arena seja a audiência que está assistindo.
No fim, Gladiador II continua uma narrativa épica, bem similar ao que o filme de 2000 propôs. Washington é o grande destaque na atuação, com um vilão exagerado e intrigante, que sabe onde cutucar para ascender ao trono do Império. Sem medo do sangue e partes do corpo decapitados, Scott mostra que seu ritmo não diminuirá e sua meticulosidade é o que faz ser aguentável os 148 minutos do filme.
Gladiador II estreia nesta quinta-feira, dia 14 de novembro, nos cinemas brasileiros.