Vencedora do 1º Prêmio de Literatura Jovem da Amazon, Juliana Giacobelli escreve sobre fantasia e romance LGBTQIAP+.
Juliana Giacobelli tem a honra de ser a primeira vencedora do Prêmio Amazon de Literatura Jovem, concurso cultural que reconhece obras originais de ficção jovem-adulto publicadas de forma independente para Kindle, e promovido pelo site em parceria com a HarperCollins.
Voltada para publicações de fantasia e romance LGBTQIAP+, a autora já publicou nove títulos e continua crescendo com seus livros disponíveis pelo Kindle Unlimited e versão física de “Coronel Mostarda com o Castiçal na Biblioteca” pela editora Pitaya (selo para o segmento jovem adulto da HarperCollins).
Confira a entrevista exclusiva com a autora:
1) Quando começou o interesse de escrever histórias, principalmente no gênero fantasia e romance LGBTQIAP+? Qual foi o estalo que mostrou que essa era a sua vida?
Eu comecei a escrever muito pequena — minha avó contava que eu rabiscava papéis antes de ser alfabetizada, dizia que era uma história e pedia para ela ler para mim —, então acho que é uma coisa que eu sempre carreguei comigo. Ser escritora sempre foi meu sonho.
Quanto à literatura LGBTQIAP+, acredito que foi um caminho natural conforme fui me descobrindo. Eu me identifico como assexual e sempre tive uma relação complicada com questões de gênero, e foi na literatura LGBTQIAP+ que eu consegui encontrar os personagens com quem eu mais me identificava. Acredito que passar a escrever esse tipo de literatura foi uma progressão do meu gosto de leitura e da vontade de falar sobre temas que são importantes para mim.
2) Seu lançamento mais recente é o segundo livro de Wes e Taz, apesar de ser um conto. Quando aconteceu a decisão de continuar a história e trazer para os fãs mais sobre o casal?
Foi muito sem querer! Quando publiquei “Agora desencanta”, não esperava que o livro fosse ganhar tantos leitores, que tanta gente fosse vir conversar comigo e me mandar mensagem pedindo mais um pouquinho do Wes e do Taz. No meio do ano, eu comecei a escrever um conto que não ia ser sobre os dois, mas quanto mais eu escrevia, mais percebia que a história era deles, sim. Acho que, no fundo, eu também queria mais um pouco dos dois, então uma coisa juntou com a outra e “Acidentalmente amor” nasceu.
3) O livro “Coronel Mostarda com o Castiçal na Biblioteca” ganhou o prêmio Amazon de Literatura Jovem e foi publicado também pela Editora Pitaya. Como foi o processo de escrever esse livro? Como foi receber esse prêmio e, também, as conversas com a Pitaya para a versão física do livro?
“Coronel Mostarda” foi um livro diferente de todos os outros, porque ele foi engavetado duas vezes antes de chegar na versão que foi publicada. No início, eu só tinha os flashbacks, as cenas do Vicente e do Davi, e não tinha uma história propriamente dita.
Mais tarde, tentei escrever um romance usando os flashbacks, mas não deu certo. Só quando vi um jogo de Detetive em uma loja, um dia, e comecei a reparar nos cômodos dos jogos e pensar nas cenas de flashback que eu tinha foi que me deu o estalo. Uma coisa importante foi encurtar a história e usar o jogo como um fio condutor. Depois que decidi o formato, a escrita fluiu bem mais fácil e a versão da história publicada hoje nasceu.
Receber o prêmio foi um momento muito surreal. Eu não esperava de jeito nenhum. Não esperava nem ser finalista, muito menos vencer. Eu fiquei muito nervosa no dia e demorou meses para ficha cair que isso tudo tava acontecendo, sabe? Acho que só caiu de verdade na Bienal, quando vi o livro lá. Foi inesquecível.
O processo com a Pitaya foi incrível. Logo de cara eu percebi que eles tinham adorado a história e queriam trazer a melhor versão dela possível à tona. A gente trabalhou para estender algumas partes, desenvolver melhor outras, mas manter o texto com a mesma carinha. Aprendi muito no processo, foi uma coisa completamente nova, porque como autora independente, eu nunca tinha tido todo o suporte que recebi da Pitaya, e ter mais gente ajudando com o texto faz toda a diferença.
4) Juliana, você sente que a escrita ficou mais fácil conforme os livros foram nascendo? Como construir narrativas que emocionem, que conectem com o público?
Na verdade, acho que nunca é fácil haha
Sempre que eu abro um documento novo, me vem aquele medinho de “será que eu consigo fazer de novo?”. Sempre bate a insegurança de que dessa vez não vai dar, que eu desaprendi ou sei lá, mas acho que faz parte do processo. Sabe, ter receio, ter dúvidas, mas escrever mesmo assim. Algumas histórias são mais fáceis de encaixar do que outras, mas no fim sempre vale a pena. Não existe sensação no mundo melhor do que terminar de escrever um livro.
Pode parecer um conselho brega, mas acredito que o principal para escrever histórias que emocionam é escrever com o coração. É escrever sobre coisas importantes para você e não ter medo de ser vulnerável nas páginas, porque acho que o leitor sente quando você não está sendo autêntico ou quando você está falando sobre coisas nas quais não necessariamente acredita. É importante observar o próprio corpo, se alguma coisa te emociona, se alguma coisa mexe com você, então pode ter certeza de que vai emocionar e mexer com outras pessoas também.
5) Existe algo que ainda deseja realizar dentro da escrita e que está em um processo para acontecer? Já pensa no próximo livro?
Acho que o próximo passo é publicar mais livros e consolidar uma carreira como escritora. O prêmio da Amazon abriu uma porta que eu nunca imaginei que fosse se abrir, e meu objetivo agora é continuar escrevendo — inclusive com um possível futuro lançamento que por enquanto ainda é segredo.
Bate-bola:
Um Livro que sempre recomenda: A casa no mar cerúleo — TJ Klune
Série ou Filme conforto: Heartstopper (Netflix) e A Bela e a Fera (Disney)
Autor/Autora (nacional ou internacional) que adoraria colaborar: Vitor Martins, Pedro Rhuas, Vinícius Grossos (nacionais) e TJ Klune (internacional)
Música favorita para entrar no clima da escrita: Depende do projeto, no momento tá sendo Religião, do Jão
Uma citação que adora: “Não existe essa coisa de final feliz. Fins não têm coração. Fim é só mais uma palavra para adeus.” — Stephen King, A Torre Negra
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