Críticas | Coringa: Delírio a Dois

“Coringa: Delírio a Dois” estreia em 3 de outubro nos cinemas brasileiros.

Joaquin Phoenix e Lady Gaga são os protagonistas do filme. (Foto: Reprodução)

Existem dois tipos de musicais: aqueles mais tradicionais, com canções originais (Wicked, La La Land e Hamilton, por exemplo); e o jukebox, que utiliza músicas já conhecidas para contar a história (como Moulin Rouge). Porém, é importante notar que ambos são do gênero musical.

A breve explicação é para falar que, apesar das diversas entrevistas – e tentativas – de dizer que Coringa: Delírio a Dois não é um musical, o filme dirigido por Todd Phillips é um musical (e um que não faz jus à grandiosidade do gênero).

O enredo do longa-metragem começa na preparação de Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) para o seu julgamento, ainda institucionalizado em Arkham. Quando conhece Lee (Lady Gaga) e sua obsessão pelo Coringa, Arthur mostra novamente problemas em compreender o que é fantasia e realidade.

Com 138 minutos, o filme não se compromete com o gênero musical, mesmo nas mais de 15 vezes que as personagens aparecem cantando em cena – e nem se decide se quer seguir completamente como um longa-metragem de tribunal. Seu enredo se torna cansativo, e nada promissor conforme ele acontece. Mesmo com aparição de outros personagens do universo de Batman, como um jovem promotor Harvey Dent (Harry Lawtey), o longa-metragem é apenas uma desculpa para continuar uma história encerrada, um apêndice que não ajuda a narrativa.

É nítido que Phillips quer emanar um sentimento próximo à Coringa (2019), mostrando que possui um senso estético elevado, com uma cinematografia que talvez seja um dos poucos destaques positivos do longa-metragem (assim como a trilha sonora de Hildur Guðnadóttir). Ainda assim, falta muito para que o projeto figure entre algo memorável – e não apenas desnecessário.

Até mesmo a atuação de Phoenix, tão celebrada no longa-metragem indicado a 11 prêmios Oscar, parece exagerada, sem as nuances ou compreensões que Arthur Fleck possuía no primeiro filme. O constante vitimismo aplicado ao personagem, como alguém influenciável, não ajuda na narrativa que insiste na dupla personalidade para além de uma defesa no julgamento.

Já Gaga não sabe exatamente onde se encaixa com sua versão de Arlequina, brilhando apenas em momentos com sua voz. Toda a construção é insatisfatória e deprimente, na busca de se diferenciar tanto do que está no cerne da personagem desde sua introdução na década de 1990 durante a série animada do Homem-Morcego – e se torna apenas algo que nunca acontece, apenas irrita.

Assim, Coringa: Delírio a Dois é apenas uma apresentação medíocre de uma tentativa frustrada de fazer uma continuação tão celebrada quanto o filme original. Phillips não decidiu o que queria com o longa-metragem, e trouxe algo muito abaixo do que era ensaiado.

Coringa: Delírio a Dois estreia em 3 de outubro nos cinemas brasileiros.

Nota:

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