Críticas | A Garota da Vez
“A Garota da Vez” estreia em 10 de outubro nos cinemas brasileiros.
Hollywood anda em uma imersão sobre crimes reais, análises sobre comportamentos e até questionando sobre criminosos que chocaram os Estados Unidos. Obviamente, isso não é algo novo, com documentários desde a década de 1980 ganhando destaque com o público.
Entretanto, parece que Hollywood sempre foca em alguns casos e, só recentemente, começou a sair dos “comuns”, incluindo aqueles que continuam sem soluções e ainda intrigam a população.
A Garota da Vez (Woman of the Hour, no título em inglês) é baseado em uma situação real. Durante a década de 1970, Rodney Alcala (vivido por Daniel Zovatto no longa-metragem) apareceu na televisão como um dos participantes de um programa de namoro. O que não se sabia, na época, é que Alcala era um assassino em série.
Dirigido por Anna Kendrick, que também interpreta Cheryl Bradshaw, o filme intercala alguns dos assassinatos cometidos por Alcala até o momento, o programa, e o que seria o crime que o levou para a prisão. Nos 95 minutos, podemos perceber o charme que exalava para atrair suas vítimas e sua transformação através dos olhares delas, mostrando o sentimento de insegurança em permanecer perto dele por longos períodos.
Apesar de poderoso, o longa-metragem perde um pouco de seu fôlego durante sua minutagem. Particularmente, acredito que sua potência ganharia muito mais ao focar em sua participação no programa, como uma das pessoas da plateia reagiu a ele (e, isso, é algo fictício, criado para evidenciar sua extensão de crimes) e o que acabou se tornando o momento da sua prisão.
O roteiro de Ian McDonald quer mostrar todos os absurdos cometidos por Alcala, em como passou por diferentes estados dos Estados Unidos, e não houve respostas – algo que acontece até hoje, já que a polícia acredita que ele possa ter mais de 130 vítimas e foi sentenciado à prisão perpétua para apenas cinco vítimas conhecidas na época.
Porém, é importante notar que Kendrick faz um bom trabalho em sua primeira vez como diretora. Com uma estética que consegue mostrar a ação de Alcala sem precisar explorar o crime em si, a diretora é sensível ao abordar como as vítimas se sentiam e até como ele se apresentava para autoridades.
Assim, A Garota da Vez é corajoso em trazer ao centro uma história alarmante e que ainda possui ramificações. Mesmo sem saber exatamente onde se apoiar, querendo abraçar tudo ao invés de focar em menos para ser mais forte, o filme é mais um no gênero de true crime que merece destaque pelas perguntas não respondidas – e como ainda vivemos em um mundo machista e misógino, e que as denúncias de mulheres ainda não são levadas a sério.
A Garota da Vez estreia em 10 de outubro nos cinemas brasileiros.
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