Críticas | Fúria Primitiva
“Fúria Primitiva” estreia em 23 de maio nos cinemas brasileiros.
A raiva é motivadora, principalmente em narrativas que envolvem vingança. Geralmente o sentimento anda ao lado de outras emoções, ganhando dimensões para que personagens aprendam, evoluam, mas, principalmente, compreendam que é válido o que sente – e como decide lidar com a situação que leva a ter esse sentimento.
Em Fúria Primitiva (Monkey Man, no título original), acompanhamos a história de um homem em busca de vingança que, quando criança, testemunhou o brutal assassinato da mãe e a da destruição de seu vilarejo. Agora, inicia uma luta contra os líderes corruptos responsáveis pelo ato – e continuam a vitimar sistematicamente os mais pobres.
Mergulhado dentro dos contos envolvendo Hanuman, divindade no hinduísmo, o filme busca explorar o sistema de castas e falsos líderes religiosos, que fazem questão de utilizar a fé para enriquecer e fingem se importar com questões sociais. Além disso, o longa-metragem mostra a exploração dos corpos de mulheres e a corrupção (e brutalidade) policial através da fachada do clube que se torna o principal cenário para os acontecimentos.
A história também explora o trauma, o quanto somos impactados por estes momentos. Os momentos que o protagonista está no templo são representantes da cura interna, trazendo o ritmo indiano para compor essa transição das cenas.
Dev Patel consegue explorar o que deseja em cena, fazendo uma boa estreia como diretor. Sua história ressoa com momentos atuais enquanto também promove uma inserção sobre a cultura indiana, e mostrando a população marginalizada. As cenas de luta, seja no ringue clandestino ou nos momentos de embate com seus alvos, a coreografia é fundamental e destacável, sem medo da violência.
Assim, Fúria Primitiva é um bom início de carreira de Patel atrás das câmeras. A ação constante não deixa o público respirar quando o ápice do filme acontece, ganhando momentos para se aprofundar somente no protagonista e aqueles que estão dentro da sua vingança. A utilização da música indiana, e com um momento importante da política local como pano de fundo, acrescenta a esta narrativa que se torna cativante conforme Patel cresce em cena.
Fúria Primitiva estreia em 23 de maio nos cinemas brasileiros.
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