Críticas | Duna: Parte Dois

Dirigido por Denis Villeneuve, “Duna: Parte Dois” estreia em 29 de fevereiro nos cinemas brasileiros.

Críticas Dunas: Parte Dois
Timothée Chalamet e Zendaya protagonizam o filme. (Foto: Reprodução)

Continuações com intervalos significativos de espera tendem a ganhar expectativas de seu público, principalmente se a obra que antecedeu ter algum sucesso. Independentemente disso, uma continuação precisa preencher lacunas dentro do enredo anterior e caminhar significativamente com suas personagens – uma das tarefas mais complicadas dentro do storytelling.

Quase três anos após o lançamento de Duna: Parte Um (2021), Denis Villeneuve retorna ao universo criado por Frank Herbert, continuando um de seus projetos mais ambiciosos. Em Duna: Parte Dois, Paul Atreides (Timothée Chalamet) se une aos Fremen nos desertos do planeta Arrakis na luta contra a Casa Harkonnen, descobrindo conspirações e segredos conforme abraça o seu destino.

Chalamet continua como um protagonismo linear para o jovem que desafia os esquemas das Bene Gesserit. Sua ascensão aos Fremen, de compreender as leis do deserto até conseguir controlar um verme (em uma das cenas mais exuberantes dos 167 minutos de duração), consegue mostrar as camadas de sua personagem, que precisou perder familiares, amigos, para encontrar seu destino.

Porém, as mulheres voltam a roubar as cenas. Rebecca Ferguson continua mesmerizante como Lady Jessica e Zendaya ganha um destaque excepcional em que precisa brilhar como Chani. Além disso, Léa Seydoux seduz o público, enquanto Florence Pugh mostra uma força e presença quando Princesa Irulan aparece.

Ainda é preciso falar sobre Austin Butler como o psicótico e cruel Feyd-Rautha, e como Dave Bautista, interpretando Glossu Rabban, cresce e ganha confiança como ator. É cativante, quase assustador, como essas personagens são o antagonismo essencial para o que Paul significa, mesmo com as interferências as Bene Gesserit e como as conspirações imperiais foram fundamentais para a ascensão do protagonismo ao posto que é alçado durante o filme.

Villenueve e a cinematografia de Greig Fraser mostram como utilizar o deserto como cenário. Em diversos momentos do longa-metragem, as areias se tornam fundamental para o enredo e são deslumbrantes de serem assistidos. Momentos que envolvem o caminhar das personagens, da aurora e do crepúsculo, são estonteantes e celebram o tátil desse palco que é uma personagem, também.

Assim como seu material de base, o filme de Villaneuve continua a explorar temas e características próximas do islamismo. Sem pessoas de protagonismo nesses papéis, o longa-metragem continua a perpetuar alguns problemas hollywoodianos, por mais belos que sejam os figurinos e maquiagens. Além disso, é possível fazer analogias entre Arrakis e a realidade, adicionando a conspiração governamental e a destruição de um linhagem para fazer um enredo político eficaz.

No fim, Duna: Parte Dois continua algo gigantesco, semeando próximos passos para uma franquia que poderá se estender além de um próximo capítulo ou a série de TV programada para estrear ainda em 2024 pela Max. A riqueza em detalhes, em diálogos (que Villeneuve diz não ser tão fã nas telonas) e atuações, fazem o filme valer a pena após tanta espera, hipnotizando sua audiência em suas camadas mais profundas da narrativa.

Duna: Parte Dois estreia em 29 de fevereiro nos cinemas brasileiros.

Nota:


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