Críticas | A Cor Púrpura

“A Cor Púrpura” estreia em 8 de fevereiro nos cinemas brasileiros.

Críticas A Cor Púrpura
Fantasia Barrino é a protagonista do filme. (Foto: Reprodução)

Existem histórias que conquistam o público em décadas diferentes. Geralmente são aquelas narrativas que continuam a ressoar com a audiência, quase de maneira universal, que pode conversar com momento atuais ou que comentem sobre assuntos que ainda ferem a civilização moderna.

Inspirada na versão musical dos palcos da Broadway, que por sua vez se baseou no livro de mesmo nome, a nova versão de A Cor Púrpura ainda é capaz de contar a história de trauma e resiliência de maneira estrondosa. Com números musicais belíssimos e um elenco forte, o longa-metragem mostra a superação, em como o mundo é cruel com alguns, e como reviravoltas bem estruturadas podem transformar a história contada.

O filme, ambientado entre 1909 e 1947, é centrado em Celie (Phylicia Pearl Mpasi na fase jovem e Fantasia Barrino na versão adulta), abusada sexualmente pelo pai, praticamente vendida a um fazendeiro que também a explora, e que busca a sua irmã após o pai e o “marido” as separarem e os dois filhos que gerou. Com o passar dos anos, forma uma amizade com Sofia (Danielle Brooks), que acaba se casando com Harpo (Corey Hawkins), filho de Mister (Colman Domingo), e Shug Avery (Taraji P. Henson), cantora de blues e que também acaba se envolvendo romanticamente.

Barrino consegue sustentar o protagonismo com sua voz poderosa, que encantou milhares de pessoas durante sua passagem na terceira temporada de American Idol. A atriz mostra força em suas cenas com Domingo  e, também, mostra uma afinidade absurda com Brooks e Henson.

Brooks, aliás, talvez seja o maior destaque dos mais de 140 minutos de longa-metragem. Interpretando a personagem que lhe rendeu indicação ao Tony Awards, a atriz é monumental em cena, seja nos momentos de imposição, como o número “Hell No”, ou em cenas em que está desmoronando. 

Domingo e Henson também são destaques em cena. Enquanto o ator (indicado ao Oscar pelo protagonismo em Rustin, da Netflix) mostra sua excelência, com expressões faciais e maneirismos que mesmeriza em cena, mesmo interpretando alguém odioso, Henson se deleita com uma personagem charmosa, com os próprios problemas, mas que se impõe quando necessário.

A presença de nomes jovens consagrados da música, como Gabriella Wilson, a H.E.R., e Jon Batiste (indicado ao GRAMMY recentemente), também é capaz de atrair o público, por mais simples que sejam suas personagens – e uma maneira de explorar seus talentos na música, sejam nos vocais ou em instrumentos.

A direção de Blitz de Ambassador é delicada, trabalhando de forma belíssima os campos do estado da Georgia e sua área costal. O diretor ainda consegue elevar os números musicais, reverenciando as coreografias de Fatima Robinson e o poder desses momentos serem traduzidos para a tela. O roteiro de Marcus Gardley condensou os acontecimentos do livro escrito por Alice Walker e a peça teatral, sabendo quais momentos serem explorados para o público.

No fim, a nova versão de A Cor Púrpura consegue se diferenciar da produção aclamada de Steven Spielberg, lançada em 1985, se destacando por sua tradução dos palcos para a tela, compreendendo o poder dos números musicais e não diminuindo suas importâncias para a narrativa. O filme não se esconde de alguns temas mais pesados que Walker coloca em sua obra, mas que consegue resumir esses acontecimentos para que alguns não se repitam como narrativa.

Assim, a história apresentada em A Cor Púrpura continua essencial para celebrar a resiliência, mesmo quando a vida faz de tudo para derrubar sua essência. Sobreviver é importante, se impôr é necessário e perseverar é uma dádiva.

A Cor Púrpura estreia em 8 de fevereiro nos cinemas brasileiros.

Nota:

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