Críticas | Os Rejeitados

“Os Rejeitados” estreia em 11 de janeiro nos cinemas brasileiros.

Imagem: Reprodução

Filmes que se tornam clássicos por serem assistidos em datas específicas, necessitam abordar a temática escolhida de maneira que se torne aconchegante para o espectador. Em Os Rejeitados, longa-metragem dirigido por Alexander Payne, somos transportados para a década de 1970, onde um adolescente rebelde e um professor rabugento desenvolvem um vínculo durante as festas de final de ano.

Angus Tully (Dominic Sessa) é um pé no saco. Descrito desta maneira por um de seus educadores, ele já foi expulso de três colégios anteriores, se estabelecendo agora no internato Barton Academy, onde sua reputação como alguém difícil de se lidar também é notória. Com o Natal e o Reveillon se aproximando, a maioria dos alunos passa essa época longe do ambiente escolar para se reunir com a família. No entanto, no caso de Angus e alguns outros poucos alunos, a possibilidade de vivenciar essa realidade está distante, obrigando-os a permanecerem no internato até as aulas retornarem.

O professor designado como responsável pelos garotos é Paul Hunham (Paul Giamatti), que é marcado tanto pelos alunos quanto pelo corpo docente como o mais rígido e complicado da academia. A situação já estava ruim o suficiente para Angus, e só poderia piorar com a supervisão de alguém pelo qual ele nutre aversão. Utilizando o plano de fundo natalino, com filtro, cores e elementos que remetem a comemoração, o filme constrói uma relação emocionante entre duas figuras improváveis, mas que tem muito a aprender uma com a outra.

Paul Giamatti já demonstrou versatilidade em sua extensa carreira de ator ao desempenhar papéis que abrangem diversos gêneros, desde a comédia até o drama. Em uma narrativa que mescla ambas as categorias, ele consegue carregar a essência do personagem nos pontos altos e baixos da trama. De início, ainda não sabemos os motivos claros do porquê ele age de maneira tão dura e indiferente com os alunos, porém, conforme ele e Angus são obrigados a se verem e conversarem todos os dias, passamos a compreender melhor os dilemas internos que ambos enfrentam. É desse modo que a relação aluno-professor torna-se algo mais próximo de uma conexão familiar, provando um ótimo ponto de que, muitas vezes, não são apenas laços sanguíneos que definem quem estará presente nos momentos onde mais precisamos de alguém ao nosso lado.

Outra personagem que entra em cena juntamente a Giamatti e Sessa, é Mary Lamb, a cozinheira-chefe do internato. Interpretada pela atriz e cantora Da’Vine Joy Randolph, Mary também carrega suas próprias dores, sendo a principal delas o falecimento do filho na guerra. Compondo o trio que dá nome ao filme, Mary alterna entre ser a voz da razão entre Angus e o prof. Hunham, e também superar de forma saudável, mesmo que aos poucos, uma tragédia que ela é incapaz de mudar. A habilidade de Da’Vine em equilibrar humor e carga dramática nesse papel lhe garantiu a vitória no Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante. Paul Giamatti também saiu vitorioso na mesma premiação, recebendo o prêmio de Melhor Ator em Comédia ou Musical.

Assim como o elenco, o nome de Alexander Payne já esteve presente anteriormente no circuito de premiações, rendendo o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado para “Sideways – Entre Umas e Outras“, em 2005, e para “Os Descendentes“, em 2012. Com a cerimônia de 2024 próxima de acontecer, é provável que o atual enredo simples, nostálgico e sensível do diretor, também esteja entre os indicados.

Os Rejeitados estreia em 11 de janeiro nos cinemas brasileiros.

Nota:

Avaliação: 4 de 5.

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Giovanna Csiszar

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