“Doctor Who” estreou em 1963 na BBC, com revival em exibição desde 2005 no Reino Unido.
São poucos os seriados que possuem uma longevidade impactante. Recentemente, séries estadunidenses como NCIS, Law & Order: SVU e Grey’s Anatomy se tornaram sinônimos de longevidade por estarem há mais de 20 anos interruptos no ar, com apenas Os Simpsons (que está há quase 35 anos no ar) – e não estamos falando sobre as telenovelas que possuem uma fórmula diferente nos EUA.
Porém, Doctor Who transcende essas expectativas há algum tempo. A série de ficção científica britânica estreou em 1963 na programação da BBC e passou por diferentes reformulações, mas continuou no imaginário do país europeu – e conquistou o mundo com seu revival em 2005.
A série é centrada em Senhor do Tempo (Time Lord) intitulado de Doutor, um ser extraterrestre que aparenta ser humano. Explorando o universo com sua Tardis, a espaçonave capaz de cruzar tempo e espaço que se parece com uma antiga cabine policial, Doutor se alia a companheiros para salvar aqueles que precisam ser salvos.
Doctor Who pode ser dividida entre algumas seções. A primeira por atores que interpretaram o protagonista e seus companheiros de aventuras (que terá postagem especial, assim como atores que passaram pelas temporadas antigas e recentes), mas gosto de conversar sobre como a série original, exibida entre 1963 e 1989, passou por mudanças.
A série focava em arcos episódicos. Exemplo disso é o arco The Daleks, composto por sete episódios logo na primeira temporada do seriado. Outro fator que interessa são os mais 90 episódios perdidos, já que a BBC deletava arquivos de programação por diferentes razões na época. Também é interessante notar que até 1984, os episódios duravam apenas 25 minutos, e passou pela duração de 45 minutos em 1985 e retornou para 25 minutos entre 1986 e 1989.
Doctor Who ganhou filme televisivo em 1996 antes do revival em 2005, idealizado por Russell T. Davies. O sucesso desse retorno conseguiu também trazer quatro spin-offs, sendo dois bem-sucedidos nos parâmetros atuais – e dois que duraram apenas uma temporada. Torchwood (2006-2011), The Sarah Jane Adventures (2007-2011), a série infantojuvenil K9 (2009-2010) e, mais recentemente, Class (2016).
Talvez um dos grandes méritos de Doctor Who é saber conversar com a audiência, pois não é somente sobre ficção científica, robôs, viagens no tempo – já que, por um tempo, também foi sobre ciência, educação, exibido durante o início da noite de domingo no Reino Unido.
Mesmo com inimigos poderosos (Daleks, Cyberman, Wheeping Angels, você escolhe), não podemos ignorar a humanidade presente em seu protagonismo. Suas regenerações e entradas de novos companheiros conseguem resetar toda uma conexão, com a possibilidade de trazer um público para suas histórias. Os enredos conseguem chamar a audiência, seja por amores impossíveis, destinos sendo escritos ou apenas uma aventura por momentos históricos (Pompeia, Era Vitoriana…), abraçando o extravagante, a incredulidade e seus efeitos visuais questionáveis, além de sempre buscar em sua própria história novas camadas, para trazer recorrência de personagens e fixação de mensagens.
Um exemplo de abraçar sua história, também, é a celebração dos 50 anos da série. Exibido em novembro de 2013, o especial reuniu David Tennant e Matt Smith, com participações de Tom Baker (Quarto Doutor), John Hurt (Doutor da Guerra) e a regeneração de Smith para Peter Capaldi. Além de falar sobre as diferentes faces do protagonista, e abraçar todos que já passaram por esse papel, o especial gosta de falar sobre pequenas anedotas referentes a outros enredos.
Agora, em seu especial de 60 anos, além de mostrar o 14º Doutor (novamente Tennant) se transformando no 15º Doutor (Ncuti Gatwa), também celebrará outras peças fundamentais de sua trajetória – e Davies sabe muito bem como fazer isso. E, com Doctor Who chegando ao catálogo Disney+ no mundo inteiro, com exceção de Reino Unido e Irlanda, é capaz de nova legião de whovians serem formados e apreciarem as aventuras desse viajante no tempo – e ver alguns rostos familiares em diferentes momentos de seus enredos desde 2005.