Críticas | Oppenheimer
“Oppenheimer” estreia nesta quinta-feira, 20 de julho, nos cinemas brasileiros.

Biografias, ou recortes de uma história real, são extremamente difíceis de serem realizadas. Os projetos precisam ser concisos e que saibam sua importância histórica mundial – e não somente para um país ou continente em específico.
Christopher Nolan, conhecido por trabalhos como trilogia Batman com Christian Bale, A Origem (2010), Interestelar (2014), Dunkirk (2017) e Tenet (2020), consegue mostrar os efeitos sobre um momento que mudou a trajetória humana em Oppenheimer, desbravando mostrar atos em sua versão mais crua – em momentos de puro brilhantismo.
Oppenheimer tem um fator intimista em sua composição. O longa-metragem sobre o pai da bomba atômica possui uma edição inquieta, um roteiro primoroso que mostra uma verdade rudimentar para alguns que glorificam ações dos estadunidenses em guerras. No caso explorado no filme, deixa muito óbvio que o país norte-americano nunca (e isso inclui invasões e patrocínios recentes) quis realmente ajudar – apenas garantir um sucesso exploratório. Nolan, então, dá uma pequena aula sobre o caso com sua edição alternada, com intrigas políticas em um cenário devastador para o resto da humanidade.
Cillian Murphy é o protagonista do filme. Sua escalada dentro dos 180 minutos, intercalados entre um físico ingênuo e a compreensão de sua posição dentro da política militarizada dos EUA, é um dos pontos fundamentais para que o longa-metragem ser algo ressonante para quem deseja um mergulho nessa história singular.
O restante do elenco também são importantes nessa construção narrativa estonteante. Emily Blunt interpreta Kitty Oppenheimer com maestria, roubando parcialmente a cena em alguns momentos; Robert Downey Jr. é um Lewis Strauss brilhante em sua composição; Florence Pugh também é destaque como Jean Tatlock e uma química monstruosa ao lado de Murphy.
Matt Damon, Jack Quaid, Alden Ehrenreich, Josh Peck, Alex Wolff, Casey Affleck, Rami Malek, Josh Hartnett, Benny Safdie, Gustav Skansgard, Matthew Modine, David Dastmalchian, David Krumholtz e Dane DeHann são apenas alguns nomes dentro do elenco, em interpretações sobre pessoas reais em algumas figurações de luxo (e que sabem a importância dentro dessa narrativa).
Nolan reconhece o poderio desejado pelo governo estadunidense e sua falta de arrependimentos dentro de suas ações durante a Segunda Guerra Mundial – e algo que continua até hoje, com diferentes invasões em outros territórios, acreditando cegamente que outros não enxergam suas ações predatórias de exploração.
O diretor também sabe usar o silêncio em um filme sobre a bomba atômica. São momentos que examinam a criação dessa arma, mas condensando sobre seu idealizador e outros envolvidos. Os danos causados são conhecidos, não precisam ser explorados exaustivamente dentro do enredo sobre o Prometeu Americano e sua mente insubordinada, incapaz de focar somente em um aspecto de estudo.
No fim, Oppenheimer é um dos projetos mais ambiciosos que Nolan já realizou, e o diretor sabe bem que existe uma leitura peculiar sobre o homem mulherengo. Com amantes em momentos críticos de sua trajetória, e uma pessoa cujos pensamentos foram essenciais para fórmulas matemáticas, físicas e até astrofísicas, Robert Oppenheimer nunca perdeu uma ingenuidade sobre a humanidade – onde, muitas vezes, atuou com politicagem estratégica sem desconfiar que estava fazendo-a acontecer.
Essas nuances são o que o elevam o filme para além de uma simples biografia. É um detalhamento importante histórico, prometendo consagrar em um espetáculo genuíno sobre aquele momento e como ainda é refletido atualmente. Nolan retorna com algo bem mais interessante, sem precisar ser autoexplicatório em looping e capaz de teorias mirabolantes para fazer sentido.
Oppenheimer estreia nesta quinta-feira, 20 de julho, nos cinemas brasileiros.