Críticas | Indiana Jones e a Relíquia do Destino
“Indiana Jones e a Relíquia do Destino” estreia em 29 de junho nos cinemas brasileiros.
A revitalização de franquias passa por uma grande crise em Hollywood. Os estúdios parecem não compreender que, muitas vezes, não é necessário explorar nem rebootar alguns clássicos e, esquecendo-se, completamente, da razão de muitas dessas franquias serem amadas, por acontecerem em outra época, quando orçamentos não eram estratosféricos ou suas produções aconteciam anualmente.
Indiana Jones e a Relíquia do Destino sofre desse problema. Quinto – e possível último – filme da franquia iniciada em 1981, os mais de 150 minutos de duração perduram pela nostalgia que é implicada. Mesmo com sequência de ações e perseguições interessantes, que mostra o estilo de James Mangold perfeitamente, o longa-metragem se perde em diversos momentos nessa procura por um fechamento em pleno século XXI – quando já aconteceu em 1989 e tentaram fazer algo em 2008.
Começamos o filme em 1942, quando os nazistas invadem a Polônia. O jovem Indiana Jones (Harrison Ford) está em busca de um artefato que remete aos dias finais de Jesus Cristo na Terra. Ao lado de Basil Shaw (Toby Jones), outro professor de Oxford, encontram um pedaço de um dos projetos mais ambiciosos de Arquimedes. Anos depois, em 1969, Jones está cansado, próximo à aposentadoria como professor e em estado depressivo. Quando encontra Helena Shaw (Phoebe Waller-Bridge), sua afilhada e filha de Basil, acaba em uma aventura para recuperar o artefato que levou seu colega à loucura, antes que acabe nas mãos de Jürgen Voller (Mads Mikkelsen) – cientista nazista que acabou trabalhando sob um pseudônimo para a NASA durante a corrida espacial.
O principal erro, talvez, de Indiana Jones e a Relíquia do Destino seja sua própria necessidade de existência. Sabemos que o quarto filme não agradou nem a crítica, nem o público, e querer corrigir alguns pontos para encerrar de maneira mais apropriada as aventuras do arqueólogo. Entretanto, por mais que alguns diálogos funcionem, e que aconteça reconexões e alusões ao passado (mesmo que antes desconhecidas pelo público), não atinge o impacto desejado, com o aspecto fraternal e melancólico atuando como divisores na narrativa ineficaz.
Porém, a questão de história e seu efeito dentro das jornadas pessoais são um dos destaques positivos. Longe de ser algo estrondoso, que realmente arrebate o espectador, existe uma breve reflexão sobre nossa longevidade, nossos grandes feitos, se ainda é importante. Se em Caçadores da Arca Perdida o arqueólogo tinha seguidoras com “amo você” escrito nas pálpebras, agora ele precisa se contentar com alunos desinteressados que ficam excitados ao ver que a tripulação do Apollo 11 está em solo estadunidense.
Ford, Waller-Bridge e Ethann Isidore possui uma ligação interessante, remetendo a enredos da trilogia principal. São detalhes como esse que incitam o espectador a se importar com o que acontece na tela, independente de uma conexão com a franquia.
No fim, Indiana Jones e a Relíquia do Destino é sobre o que somos ao envelhecer, em uma época de guerras, descobertas e uma tentativa de recuperar quem éramos em nossas aventuras passadas. Mangold estabelece algo que poderá ser lembrado com o tempo, mesmo com uma duração questionável, enquanto seu roteiro (escrito ao lado de Jez Butterworth, David Koepp e John-Henry Butterworth) possuo problemas gritantes em seu terceiro ato. A música de John Williams continua emocionante, fantástica, memorável.
Indiana Jones e a Relíquia do Destino estreia em 29 de junho nos cinemas brasileiros.
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