Críticas | Dois Tempos – Primeiras Impressões

“Dois Tempos” estreia em 10 de maio no catálogo do Star+.

Foto: Reprodução

A enredo envolvendo diferentes linhas temporais em uma produção audiovisual, permite uma conexão mais permissiva com o público. Dentro de milhares de narrativas possíveis, esse artifício consegue capturar detalhes que aumentar a intensidade, a vivacidade dos temas abordados.

O uso das linhas temporais e, também, da troca de corpos, é utilizada em Dois Tempos, nova série original brasileira do Star+. Estrelada por Sol Menezzes e Mari Oliveira, o seriado traz a história de Paz, uma influenciadora em 2022 que acaba sendo “cancelada”, e Cecília, uma jovem escritora em 1922, forçada a se casar. Por obra do destino, elas trocam de corpos e de décadas, começam a repensar questões femininas das respectivas épocas, enquanto buscam seus novos papéis no mundo.

Com uma abordagem explosiva da linguagem da década atual (e que, por muitas vezes, se torna excessiva), a série deseja ser um alento ao feminismo e a feminilidade, além de ser uma vitrine sobre a negritude em ambas as épocas (principalmente em uma cidade fictícia onde a mulher sempre foi protagonista).

Porém, há algumas problemáticas narrativas – pelo menos durante os dois episódios assistidos. O roteiro com jargões e/ou termologias para mostrar a modernidade em 2022 são cansativos. Mergulhar nesse mundo online para conversar sobre esse espaço de mídias sociais, faz parte do propósito, entretanto, é apenas mais alguma situação que não conecta com a audiência organicamente.

Existe uma barreira na conexão com Paz e Cecília, e a discrepância entre suas lutas pessoais e profissionais. O uso, também, de artifícios narrativos problemáticos, podem distanciar o público de investir em Dois Tempos de forma mais ativa. Entendo a necessidade dos embates entre o passado e o presente, mas existe um limite (ou pelo menos uma construção narrativa mais atrativa) na hora de centrar no desespero de Paz e no contentamento de Cecília.

O elenco é belíssimo. Menezzes e Oliveira são furacões em cruzar as personalidades de suas personagens, mostrando uma versatilidade arrebatadora na construção de ambas mulheres. As outras personagens ainda são rasos nos primeiros episódios, com ligações mais profundas apenas Thiago (Leonardo Biachi) e Anika (Agda Couto). Com isso, estimulam-se interações diversas durante o curso da primeira temporada.

Assim, Dois Tempos é ambiciosa dentro do cenário do audiovisual brasileiro. A mitologia criada, um cenário idílico e uma mensagem que atravessa tempos, existe espaço para narrar a história dessas duas mulheres enquanto, também, celebra o feminino, a negritude, e conversa sobre cancelamento, mudanças indesejáveis e o que é ser livre.

A primeira temporada de Dois Tempos estreia em 10 de maio no catálogo do Star+.


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