Críticas | Campeões
“Campeões” estreia em 25 de maio nos cinemas brasileiros.
Existem uma gama de produções sobre fazer o cidadão-médio se sentir bem. Geralmente sobre como algum preconceito é superado, e relações construídas, o estilo proporciona uma tentativa absurda de relativizar problemas sociais através de gestos simples. Não é sobre os excluídos, as minorias e, muito menos, sobre aqueles que realmente sofrem algum problema social.
Campeões, novo filme de Bobby Farrelly e baseado em filme espanhol homônimo lançado em 2018, entra nesse gênero que se projeta para falar sobre isso com dificuldade. Após ser parado e multado por dirigido sob influência do álcool, Marcus Marakovich (Woody Harrelson) é designado a treinar uma equipe de basquete com deficientes intelectuais. Um homem que acredita estar desperdiçando seus talentos como assistente, a narrativa mostra que as conexões humanas – para além do jogo – são necessárias para manter o espírito competitivo.
Em seus 124 minutos, o longa-metragem não mostra totalmente a capacidade de seus atores em tela. Com aspecto paternalista em alguns momentos, somos apresentados a poucos da equipe – e apenas dois de maneira realmente aprofundada. Kaitlin Olson, que vive o interesse amoroso de Harrelson e, também, irmã de um dos garotos do time, ganha mais tempo de tela e também ganha o momento de crescimento pessoal.
Talvez os dois personagens menos problemáticos sejam Phil (Ernie Hudson), Julio (Cheech Marin) e Sonny (Matt Cook), o técnico de um time da Liga J, o coordenador do centro recreativo e o assistente de Marcus, respectivamente. Mas isso, também, se deve por não terem muitos diálogos ou aprofundamento dentro do enredo, servido como tokens narrativos.
A impressão é que não houve uma delicadeza na edição (com boa parte desconcertante), querendo apenas ser mais um no meio de tantos. Tudo fica no meio-termo, nunca aprofundando suficientemente para que a audiência se conecte ou tenha empatia pelos personagens principais. Os “Amigos”, nome da equipe com deficiência intelectual e busca vaga nas Olimpíadas Especiais, é explorada apenas como fonte de direcionamento narrativo e não sobre suas personas – mesmo que muitas vezes roubem a atenção e sejam as reais estrelas do longa-metragem.
No fim, Campeões sabe que irá agradar parte da audiência que acabar assistindo-o. Sem coragem para ir além, o filme se contenta em ser apenas sobre o homem-médio eque tenta não ser apenas um idiota – e aprender alguma coisa no caminho.
Campeões estreia em 25 de maio nos cinemas brasileiros.
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