Críticas | Triângulo da Tristeza

“Triângulo da Tristeza” estreia em 16 de fevereiro nos cinemas brasileiros.

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A sociedade – principalmente ocidental – sempre se baseou em uma hierarquia social para determinar seus poderes dentro da sociedade. Em um mundo onde bilionários conseguiriam acabar com a fome mundial caso se importassem e países que se colocam como de “primeiro mundo” ainda financiam guerras para serem considerados “heróis”, somos sempre apresentados àqueles que acreditam ser a epítome do que há de melhor no mundo – e que suas vontades têm que ser atendidas, mesmo que não sejam de fácil realização.

Em Triângulo da Tristeza (vencedor do Palma de Ouro em Cannes), novo filme de Ruben Östlund, vemos uma mudança dentro da hierarquia social na base da sobrevivência. Com constante diálogos sobre o capital, o longa-metragem explora como os mais abastados estão dispostos a mostrar que podem, puramente pela certeza que não terão que lidar com consequências.

Divididos em três partes, começamos a história com o casal de modelos Carl (Harry Dickinson) e Yaya (Charlbi Dean, que faleceu semanas antes do lançamento do filme no festival de Cannes). Com um diálogo ressoante sobre dinheiro, percebemos que o assunto se torna um problema entre eles muito pelo poder que exercem na sociedade. Na segunda parte, onde somos introduzidos ao cruzeiro em um iate de luxo, temos contato com outros personagens, dentre eles o capitão Thomas (Woody Harrelson), o magnata russo Dmitri (Zlatko Buric), a faxineira Abigail (Dolly De Leon) e a líder dos funcionários Paula (Vicki Berlin).

Um dos diálogos mais interessantes dentro dos 150 minutos de filme, é sobre o comunismo/socialismo e capitalismo, onde mostra a contradição imposta por uma sociedade que não deseja, realmente, ajudar todos ao redor – apenas favorecer aqueles com dinheiro. E, após acabarem na ilha, percebemos ainda mais como essa noção é perdida para conseguirem buscar ajuda e sobreviverem sem grandes recursos.

Caótico (principalmente a cena do jantar com o capitão), Triângulo da Tristeza preza por tentar amenizar a área entre as sobrancelhas que aparecem rugas de preocupação de seus personagens. Com viradas dentro da narrativa social, Östlund deixa a sutileza de lado para satirizar parcialmente aqueles que estão próximos de seu país de origem. É certo, porém, que talvez o filme seja longo demais, evitando uma crítica certeira, efetiva para a audiência.

No fim, Triângulo da Tristeza é uma obra que busca falar abertamente de uma sociedade que acredita que suas vontades estão acima de regras. Luta social, diálogos sobre sistemas políticos-capitais e a busca por sobrevivência – em diferentes sentidos – fazem do filme de Östlund algo a ser reassistido ao longo dos anos, compreendo o quanto evoluímos (ou não) dentro da sociedade.

Triângulo da Tristeza estreia em 16 de fevereiro no Brasil, com sessões especiais em cinemas selecionados a partir de 9 de fevereiro.

Nota:

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