Críticas | Till – A Busca por Justiça

“Till – A Busca por Justiça” estreia em 9 de fevereiro nos cinemas brasileiros.

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Danielle Deadwyler é a protagonista do filme. (Foto: Reprodução)

A história tem muito a ensinar ou tentar reparar situações que poderiam, facilmente, não entrar para os livros por suas injustiças. O século XX é um exemplo gritante sobre casos que desafiaram a sociedade, onde movimentos começaram a ganhar manchetes e buscar direitos básicos, e que somente agora ganham o devido destaque e reparação – e ainda assim é muito pouco.

Em agosto de 1955, em uma cidade pequena do Mississippi, o adolescente negro Emmett Till foi torturado, assassinato e jogado no rio por dois homens brancos. O caso ganhou repercussão nacional pela devoção de sua mãe, Mamie, em buscar justiça em um país ainda segregado, desencadeando mais ações do movimento de direitos civis. Em 130 minutos, Till – A Busca por Justiça é apenas uma fração do que foi reportado ao longo dos últimos vinte anos – com a história finalmente ganhando manchetes, com a verdade se sobressaindo do preconceito e da injustiça.

Dirigido por Chinonye Chukwu, o filme sabe que é o início de um momento importante e, tal como Selma: Uma Luta por Igualdade (2014), é mais que somente sua protagonista. Till – A Busca por Justiça ainda ressoa na atualidade, quando negros ainda são mortos, presos, julgados por sua mera existência e, muitas vezes, não ganham a justiça necessária – enquanto pessoas brancas conseguem liberdades em diferentes âmbitos sociais. E é ainda mais evidente quando apenas em 2022, quase 70 anos após o linchamento de Emmett Till, os EUA passaram a lei anti-linchamento.

Danielle Deadwyler é uma força assombrosa no longa-metragem como Mamie Till-Mobley. De mãe preocupada, passando pelo luto e a resiliência durante o julgamento dos acusados, a atriz entrega uma performance sublime, capaz de emocionar com monólogos que gritam através da tela. O jovem Jalyn Hall traz toda ingenuidade de um garoto “da cidade” em um lugar opressor ao viver Emmett Till.

É insuficiente transmitir tudo sobre o longa-metragem em palavras. A sua potência ficará sempre a sombra de outras histórias que ganharam destaque em premiações deste ano por motivos talvez desconhecidos. Till – A Busca por Justiça deseja trazer a narrativa de volta àqueles que precisam gritar, ainda, para que sua existência não seja esquecida e transformada apenas em um caso para falarem que está acontecendo alguma mudança.

No fim, Till – A Busca por Justiça é enfurecedor pela justiça jamais atingida de maneira plena; por sabermos que Carolyn Bryant nunca foi cobrada por seu falso testemunho; por J.W. Milam e Roy Bryant nunca terem sido presos (e confessarem sobre o crime abertamente em entrevista alguns anos após o caso). É enfurecedor saber que demorou tanto tempo para a história ter sido contada, e que ainda enfrentamos casos similares em pleno século XXI – em um momento que crimes de ódio aumentam.

Till – A Busca por Justiça estreia nesta quinta-feira, 9 de fevereiro, nos cinemas brasileiros.

Nota:

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