Críticas | Entre Mulheres

“Entre Mulheres” estreia em 2 de março nos cinemas brasileiros.

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“Entre Mulheres” é dirigido por Sarah Polley. (Foto: Reprodução)

Existem algumas produções no audiovisual que são como socos repetidos no estômago. Com abordagens, geralmente, inspiradas em eventos reais, os longas-metragens e seriados mostram o lado mais perverso da humanidade, com emoções cruas e desconcertantes.

Entre Mulheres (Women Talking, no título original) é baseada em uma obra lançada em 2018, escrita por Miriam Toews e, por sua vez, inspirada em uma história que aconteceu na Bolívia. Dirigido e com roteiro de Sarah Polley, o filme traz a história de mulheres em uma colônia menonita que, após anos suportando abusos físicos, sexuais e psicológicos, decidem votar sobre seus destinos. Com um empate entre duas opções, 11 mulheres são escolhidas para decidirem o destino dessas mulheres.

Os monólogos sobre suas razões para ficar e lutar ou deixarem a colônia são sempre respaldadas por suas vivências – muitas delas vividas por uma imposição de décadas com fundamentalismo religioso que só favorece homens. Ao longo dos 104 minutos, somos apresentados as suas histórias com um brilhantismo devastador, capaz de arrancar soluços por verdades necessárias de gritar ainda em 2023.

O filme questiona todos os lados das possíveis decisões, sempre tentando colocar os ensinamentos de séculos – e que não possuem mais espaço na atualidade, independente de qualquer religião – como um norteamento. As perguntas e embates entre as personagens são para mostrar que não há decisão fácil, que vão acabar perdendo de qualquer maneira devido aos anos de submissão forçada.

Rooney Mara, Claire Foy e Jessie Buckley são os destaques do filme. Enquanto Mara interpreta Ona, uma mulher sensível que questiona alguns aspectos da comunidade, Foy se transforma com Salome, que luta para proteger sua filha de apenas quatro anos e não ser mais uma violentada, e Buckley entrega uma Mariche que deseja entregar a dose de realismo para o plano das mulheres, mesmo sofrendo constantemente. Ben Winshaw é o único homem no elenco, interpretando August que foi excomungado ao lado da mãe quando criança e retornou para ensinar os garotos.

Um trabalho de câmera discreto, uma trilha sonora limpa, que fortalece a narrativa tão potente, demonstra a importância de um roteiro exemplar, com atuações que fortalecem sua maestria.

No fim, Entre Mulheres é capaz de arrancar lágrimas pelas fragilidades das personagens, por sua importância em discussões e mesmerizante. São produções assim (mesmo com Brad Pitt nos time de produtores) que conseguem mudar trajetórias e apoiar a necessidade de continuar tais enredos.

Entre Mulheres estreia em 2 de março nos cinemas brasileiros.

Nota:

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