Críticas | O Pior Vizinho do Mundo

“O Pior Vizinho do Mundo” estreia em 26 de janeiro nos cinemas brasileiros.

A indústria audiovisual dos Estados Unidos tem uma necessidade de buscar histórias já contadas e fazer suas versões. Seja adaptar formatos na televisão ou recontar narrativas ambientadas em seu território, Hollywood tem a necessidade de ser detentora das histórias – mesmo que não sejam necessárias.

Exemplo recente é O Pior Vizinho do Mundo (A Man Called Otto, no título original), novo longa-metragem estrelada por Tom Hanks baseado no filme sueco A Man Called Ove, de 2015 (que, por sua vez, é inspirado em livro homônimo escrito por Fredrik Backman), e que sabe mexer com as emoções igualmente – mas talvez seja o efeito de Hanks.

O filme conta a história de Otto Anderson, homem rabugento que pensa em suicídio após a morte da esposa. Quando uma família mexicana se muda para sua vizinhança, sua vida é transformada. Mesclando flashbacks e o presente, O Pior Vizinho do Mundo sabe modificar o clichê de grumpy/sunshine, fazendo de Marisol (Mariana Treviño) uma ótima amiga para Otto, tentando ajudá-lo de várias maneiras a perceber que, mesmo que Sonya (Rachel Keller) não esteja mais presente em sua vida, há outras pessoas em sua pequena comunidade que se importam com ele.

Mexendo fortemente com emoções – e com situações que qualquer dono de gatos compreende fortemente -, o filme de Marc Forster dialoga com um momento interessante do novo século, mesmo que talvez busque ser algo mais significativo do que deveria ser. A presença de Truman Hanks, filho mais novo de Tom Hanks, no longa-metragem (e interpretando uma versão jovem de Otto), mostra o quão familiar o projeto deseja ser para a audiência.

No fim, O Pior Vizinho do Mundo é um projeto que se intensifica pelas lágrimas, pela narrativa competente em levar emoção ao público que busca (e gosta) desse gênero. Seja por mera necessidade de egocentrismo, sentimento sincero em tentar expandir conhecedores da história, ou reforçar que é difícil Hanks não amolecer o coração alheio (apenas em sua participação em Elvis, de 2022), o longa-metragem faz seu papel em tentar levar uma mensagem sobre viver e continuar a sua vida, mesmo quando aquilo que te traz cor vira apenas uma memória.

O Pior Vizinho do Mundo estreia em 26 de janeiro nos cinemas brasileiros.