Críticas | Fervo

“Fervo” estreia em 19 de janeiro nos cinemas brasileiros.

Quando a pandemia de COVID-19 começou, diversos filmes brasileiros rodados próximos ao lockdown foram adiados em lançamentos e acomodados, posteriormente, durante os calendários de lançamentos no cinema. Um desses casos é Fervo, inspirado no filme francês Poltergay, lançado em 2006, e que utiliza um cenário quase único para contar sua história simples.

Dirigido por Felipe Joffily, Fervo é centrado em Leonardo (Felipe Abib) que, ao lado da esposa Mariana (Georgianna Goes), compra uma propriedade fechada há 20 anos e deseja reformar para revenda. O que não esperava, porém, é ter três fantasmas (vividos por Rita Von Hunty, Gabriel Godoy e Renata Gaspar) que morreram durante a inauguração de um bar LGBTQIA+, assombrando o local – e apenas ele conseguindo enxergá-los.

A trama é comum para o gênero, apresentando a necessidade de fechar ciclos para conseguirem passar pelo limbo que estão. Com uma história acelerada, o longa-metragem perde o fôlego em sua segunda metade, mas atrai com um roteiro que conversa com uma audiência que conhece o início dos anos 2000. O roteiro de Thiago Gadelha sabe criar momentos cômicos que abraçam as essências dos personagens fantasmagóricos. Além disso, a entrada de Paulo Vieira também demonstra uma ótima forma de caminhar a narrativa, e as participações de nomes como Suely Franco, Joana Fomm, Rosi Campos e Welder Rodrigues mostram um elenco que atrai facilmente o espectador.

Em 96 minutos, Fervo sabe transmitir a mensagem que deseja, sobre finalizar missões pessoais antes de conseguir encarar o próximo passo. Ele se torna eficaz ao conseguir embalar o público com uma nostalgia no início do século e um glamour único da arte de drag queens que abraça diferentes partes dos cenários (e o fato de ter no elenco uma das drags mais famosas do Brasil, também facilita em fazer a montagem brilhar).

No fim, o filme é algo que engloba uma narrativa universal, sabendo que não precisa ser grandioso para transmitir a mensagem final. Um elenco bom, um roteiro que sabe aproveitar o melhor dos personagens – mesmo que derrape para conseguir entregar momentos mais emocionais -, faz de Fervo algo interessante de ser assistido e compartilhado.

Fervo estreia em 19 de janeiro nos cinemas brasileiros.