Críticas | Esquema de Risco – Operação Fortune
Com filme de ação genérico, Guy Ritchie tenta começar sua própria franquia de espionagem.
A falta de consistência entre seus filmes sempre foi um problema para Guy Ritchie, que no fim dos anos 1990 e início dos anos 2000 transformou a rápida edição em uma de suas principais características. Jogos, Trapaças e dois Canos Fumegantes (1998) e Snatch – Porcos e Diamantes (2000) lhe deram a fama de um novo autor para se ficar de olho.
Desde então, a carreira dele tem sido de constantes altos e baixos, nunca conseguindo repetir o prestígio que seus dois primeiros longas tiveram. Os dois divertidos filmes de Sherlock Holmes (2009 e 2011), com Robert Downey Jr., e o terrível Rei Arthur: A Lenda da Espada (2017) conseguem resumir bem o que tem sido sua filmografia 20 anos depois de seus primeiros sucessos.
Com Magnatas do Crime, de 2019, ele conseguiu resgatar muito de sua essência com um filme rápido, divertido, com muitas reviravoltas e que o jeito de contar a história ajuda muito na qualidade da mesma.
Infelizmente não se pode dizer o mesmo de Esquema de Risco: Operação Fortune, que estreou ontem, 12 de janeiro, nos cinemas brasileiros.
Contando com seu parceiro de longa data Jason Statham, nada do que fez Ritchie ter um olhar único sobrevive aqui, apesar de o filme ser divertido e contar com um elenco que faz você pelo menos se manter interessado na tela, com destaque para Hugh Grant que se diverte no papel e o próprio Statham, que surpreendentemente está muito carismático.
A primeira cena é chamativa, com a edição em paralelo de um homem andando em um corredor vazio enquanto ouvimos os passos dele bem alto e o roubo de um equipamento ainda desconhecido feito por uma equipe especializada do outro lado do Mundo, só que sem áudio. O contraste entre homens de ternos em salões elegantes e uma troca de tiros pode ser até simples, mas como em Magnatas do Crime, o jeito de contar eleva demais o que quer ser contado.
Apesar dessa excelente primeira cena, tudo parece genérico depois disso, não sobrando personalidade nem para as cenas de ação que um dia o diretor já foi referência.
Até o time de protagonistas sofre com essa falta de originalidade, com bons atores em papéis repetidos a exaustão nesse tipo de filme, como por exemplo a Aubrey Plaza que cuida da parte tecnológica da missão e Cary Elwes como o cérebro da equipe.
O que consegue fugir disso é Josh Hartnett fazendo um ator famoso que vira um ponto crucial do sucesso da operação.
Com cenas de ação em diversos países e lugares luxuosos, o diretor deixa claro que quer fazer o seu próprio 007, ou missão impossível, inclusive deixando brecha para uma sequência na última cena do filme, mas como competir com uma franquia icônica que já dura 60 anos e outra em que o ator principal está disposto a fazer as maiores loucuras só para não precisar de dublês e efeitos especiais? Se Guy Ritchie quer sua franquia de espionagem, ele vai precisar pensar nisso.
Esquema de Risco – Operação Fortune estreou em 12 de janeiro nos cinemas brasileiros.
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