Críticas | Babilônia
“Babilônia” estreia em 19 de janeiro nos cinemas brasileiros.
Hollywood tem a fascinação de contar sua própria história, com o uso, ou não, de personalidades que marcaram a indústria. Porém, são raras as vezes que os enredos se destacam sem parecer enfadonho e apenas para agradar ego de uma indústria inflada.
Após os sucessos estrondosos de La La Land (2016) e Whiplash: Em Busca da Perfeição (2016), Damien Chazelle tinha orçamento suficiente para falar sobre a transição entre o cinema mudo e o cinema falado, e ainda comentar sobre aqueles que fazem o audiovisual andar. Babilônia, seu novo filme, é excessivo em diferentes exemplos, seja em cenas desnecessárias que não acrescentam à narrativa desejada, personagens demasiados e uma duração que faz a dinâmica do longa-metragem ser perdida.
Se em seus sucessos anteriores, o grande destaque era o protagonismo de apenas dois personagens, Babilônia traz, pelo menos, seis nomes para terem destaque: Nellie LaRoy (Margot Robbie), atriz em busca de oportunidade; Elinor (Jean Smart), colunista sobre a indústria em transformação; Jack Conrad (Brad Pitt), consagrado ator do cinema mudo; Manuel Torres (Diego Calva), imigrante que busca entrar para os bastidores de Hollywood; Lady Fay Zhu (Li Jun Li), cantora de cabaret que escreve os intertítulos; e Sydney Palmer (Jovan Adepo), músico que ganha destaque durante a transição do cinema.
Por mais interessante que seja acompanha a história dos seis personagens completamente fictícios, é cansativo tentar prestar atenção em cada situação envolvendo-os ao longo dos quase 190 minutos de duração. Robbie é cativante, envolvente como sua LaRoy depreciativa que sofre para se firmar depois do início das falas. Adepo e Li são subutilizados, com aparições que poderiam ser classificadas como participações especiais. Smart possui um dos melhores monólogos do filme todo, e Calva sabe apreciar seus momentos de destaque, principalmente com um Manuel que ascende na cadeia executiva e se torna alguém que questionamos se vale a pena torcer.
Pitt, porém, é o grande elo fraco da narrativa. Jack Conrad não é exatamente simpático, com atitudes e um enredo cansativo. O início interessante acaba perdido após os 60 minutos, condensando suas aparições com mulheres e bebidas.
A trilha sonora de Babilônia é belíssima, encantadora. Mesmo com inserções de músicas de La La Land, a obra de Justin Hurwitz é inspiradora e complexa, sabendo tratar os excessos das cenas com maestria. Os detalhes cenográficos impressionam e Chazelle aperfeiçoa sua direção.
Entretanto, o filme é apenas uma carta aberta sobre Hollywood que não possui um discurso, contemplando apenas a nudez, cenas com gore aumentado, ilícitos e histórias de amor fracassadas. São poucos os momentos que talvez fiquem no imaginário do público, que se destaque em uma seara de outros projetos semelhantes em uma indústria que adora acariciar o ego.
Babilônia estreia em 19 de janeiro nos cinemas brasileiros.
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