Críticas | Crimes of the Future

Crimes of the Future” estreou dia 14 de julho nos cinemas e chega nessa sexta-feira ao Mubi.

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Filme é dirigido por David Cronemberg. (Foto: Reprodução)

Cirurgia é o novo sexo, não é?”. Essa frase, dita por Timlin, personagem interpretada por Kristen Stewart é certeira pelo jeito que define o próprio Crimes of the Future, novo filme do renomado, polêmico e único David Cronemberg.

No mundo decadente e desconvidativo que o diretor nos apresenta, a dor não existe mais e a sensação de fragilidade do corpo humano é algo do passado. Com isso, a cirurgia deixa de ser só algo feito por necessidade ou por motivos puramente estéticos. Ela vira uma forma de libertação da própria forma humana, uma declaração política, uma performance artística e uma forma de tentar fazer o homem evoluir por meios não naturais.

Cronemberg não se contenta em fazer uma simples crítica a fetichização da cirurgia plástica como já ocorre nos dias de hoje, onde a cada ano que passa uma nova mudança corporal entra na moda e outra sai sem grande estardalhaço da sociedade, e sim uma constatação do que pode ser o futuro disso, fazendo o que as melhores ficções científicas fazem: questionam o nosso mundo atual com exageros.

Nesse exato momento milhares de pessoas estão gastando muito dinheiro para mudar a fisionomia de seus rostos porque querem ficar parecidas com famosos que provavelmente ganharam de presente esse mesmo procedimento do qual tem uma indústria milionária por trás gastando milhões de reais para fazer seu produto ser a nova febre da internet. Só isso já seria conteúdo para um longa-metragem inteiro.

Ele domina o mundo que criou e apesar de tentar nos fazer acostumar com o modo de como tudo funciona, ele ao mesmo tempo, nos mantém longe daquelas pessoas, como, por exemplo, na cena onde é mostrada uma atuação artística de um homem com os olhos e a boca costurada, mas cheio de orelhas humanas pelo corpo inteiro. Para nós é um choque e um desconforto contínuo, mas para o protagonista do filme, Saul Tenser, isso não passa de uma performance vazia sem nada a dizer.

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Foto: Reprodução

Saul é interpretado majestosamente por Viggo Mortensen, que entrega um personagem complexo e até contraditório. Ele é um artista que faz atuações de remoção de órgãos para a mídia e curiosos, mas fora das performances ele anda com uma roupa que cobre todo o corpo e deixa apenas seus olhos de fora.

Para ele, retirar os próprios órgãos malignos em performances tem muito mais a ver sobre a rebelião do próprio corpo contra ele do que algo puramente performático. São essas contradições, questões filosóficas, sexuais e políticas que fazem Crimes of The Future ser tão bom do jeito que é.

Léa Seydoux e Scott Speedman completam o elenco e o lendário Howard Shore comanda a excelente trilha sonora.

Crimes of the Future estreou dia 14 de julho nos cinemas brasileiros e chega nessa sexta-feira (29) na Mubi Brasil.


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Lucas Vinícius

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