Críticas | Lamb
“Lamb” está disponível pela plataforma MUBI no Brasil.
É interessante ver o caminho que a distribuidora A24 trilhou durante a década passada. De uma empresa minúscula em 2012 até o status cult que a empresa leva fama hoje em dia tiveram dezenas de decisões certas em relação aos filmes distribuídos e o marketing em cima deles.
Ao pegar filmes com roteiros bem diferentes em relação aos filmes do circuito comercial e apostar em ideias ousadas, a empresa foi criando um marketing orgânico com centenas (ou milhares) de vídeos no YouTube “explicando” os finais dos filmes, e até criando uma discussão que rola até hoje se os longa-metragens da A24 ajudaram a criar um subgênero do terror chamado “pós-terror”.
Com o tempo surgiram críticos, com o argumento de que a empresa cria filmes vazios, superficiais, mas com algo bizarro neles para poder gerar engajamento e o famoso marketing boca a boca.
Por mais que eu ame os filmes distribuídos pela empresa nova-iorquina e ache esse tipo de crítica sem sentido, não posso deixar de concordar que ela se aplica a Lamb, que estreou no Brasil pela Mubi no mês passado.
Valdimar Jóhannsson, estreante na direção, está mais preocupado em mostrar que tem uma história bizarra e mostrar as belíssimas paisagens da Islândia do que aprofundar os assuntos dos quais propõe tratar na obra, mas isso não segura o filme nem como algo divertido, já que graças a falta de desenvolvimento de absolutamente tudo, o longa-metrafem se torna chato depois da primeira meia hora e permanece assim até o final.
Os dois pontos altos que posso destacar são as atuações de Noomi Rapace e a parte criativa que envolve a criatura, que dão os melhores momentos de Lamb.
Como já é de costume com os filmes da A24, ele está sendo descrito erroneamente como um horror, o que não faz sentido nenhum já que é um drama familiar que tenta ser incômodo mas que muitas vezes cai em um humor não intencional com um final “quero ser cult” que dá raiva de tão vazio.
Lamb tenta abordar alguns temas, porém é tão profundo quanto uma piscina infantil e fica se agarrando na bizarrice para se sustentar, isso justamente em um ano onde tivemos dois filmes bizarros, mas que conseguem ser profundos e memoráveis como Annette, de Leos Carax, e Titane, de Julia Ducornau, que, inclusive, ganhou a Palma de Ouro em Cannes.
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