Críticas | Bridgerton – 2ª temporada
Segunda temporada de “Bridgerton” estreou em 25 de março pela Netflix.

Após o sucesso da primeira temporada, lançada em dezembro de 2020, Bridgerton precisou encarar um desafio muito maior: agradar os fãs fiéis de “O Visconde que me Amava“. A obra de Julia Quinn não está entre os meus favoritos da saga da família, porém, o clássico enemies-to-lovers (onde, geralmente, é mais sobre sentimentos não desejáveis que ódio), apetece os mais variados aficionados por romances.
Com arranjos narrativos que priorizam a história da série, ao invés da adaptação mais próxima aos livros de Quinn, Bridgerton deve ser encarado como uma inspiração. Por se tratar de uma produção ensemble, a produção de Shondaland precisou atravessar alguns caminhos para conseguir ajeitar — e dar — destaque ao seu grande elenco, sem desvirtuar tanto da história principal.
E funciona. A história entre Anthony (Jonathan Bailey) e Kate (Simone Ashley) é interessante, com mudanças importantes do seu material de origem para não ser comparado a temporada anterior. Entretanto, a avalanche de sentimentos entre os dois é perceptível, com a honra (e dever) familiar sendo o grande obstáculo entre a felicidade de ambos.
A química entre os atores é, como descrita por Chris van Dunsen, criador da série, magnética. É quase impossível tirar os olhos dos dois em algumas cenas. O aprofundamento das questões de ambos com a família (ele por ser testemunha da morte do pai; ela por ajudar na criação de Edwina (Charithra Chandran) após a morte, também, do pai) é importante para que eles se conectem, mesmo que desconheçam sobre esses sentimentos.
Também exploramos outros Bridgerton e Featherington nessa segunda temporada, semeando o caminho para as próximas temporadas. Benedict (Luke Thompson) dedica-se a sua arte, buscando se conhecer como artista e pessoa fora do seio familiar; Eloise (Claudia Jessie) continua em suas buscas sobre o algo a mais que a sociedade pode oferecer; e Colin (Luke Newton) retorna de suas viagens com o objetivo de encontrar propósito no sobrenome.
Penelope (Nicola Coughlan) encontra uma “amizade” improvável com Madame Delacroix (Kathryn Drysdale) e nas suas empreitadas como Lady Whistledown. Porém, há algumas situações que poderiam ser tratadas diferentemente, com uma sutileza mais encantadora, ao invés de serem colocadas para serem ajustadas na terceira temporada já confirmada.
A mescla entre música clássica e versões orquestradas de músicas pop continuam um grande triunfo da produção. São momentos com Dancing On My Own, de Robyn, Wrecking Ball, de Miley Cyrus, e How Deep Is Your Love, de Calvin Harris e Disciples, que marcam e mostram identidade à série (muito além de ter, ou não, cenas de sexo ou sexualizadas).
No mais, Bridgerton continua a ser deliciosa de ser assistida, com momentos que chamam a atenção e, agora, trazem easter-eggs (como name-drops importantes para o futuro da produção) que acolhem os fãs dos livros. A série passará por mudanças importantes por trás das câmeras (saí van Dunsen, entra Jess Brownell), além de continuar a ser uma bandeira para adaptações (fiéis ou não) de romances de época. Talvez, em um futuro, poderemos ver nomes como Tessa Dare, Eloisa James, Sarah McLean e Lyssa Kleypass com seus personagens em live-action — e lembrarmos, mais firmemente, que história de amor ainda importam.
A segunda temporada de Bridgerton estreou em 25 de março pela Netflix.