Opinião | Oscar desacredita da própria indústria ao não exibir, ao vivo, oito categorias
Cerimônia de premiação do principal prêmio do cinema mundial acontece em 27 de março, em Los Angeles.
A Academia de Ciências e Artes Cinematográficas anunciou, no último 22 de fevereiro, que não exibirá oito das 23 categorias no programa ao vivo do Oscar, que acontece em 27 de março, em Los Angeles. Os prêmios serão entregues uma hora antes da cerimônia ao vivo e exibidos entre os comerciais.
Segundo a organização, a mudança será para trazer dinâmica a cerimônia e a decisão foi tomada após conversas entre a ABC (emissora parceira do Oscar), a comunidade e, também, analisando as tendências do público. Porém, ao anunciar tal decisão, a Academia esquece de um único propósito: os adoradores de cinema.
Mais que isso, ao decidir não exibir no ao vivo oito categorias (entre elas Maquiagem & Cabelo, Edição, Trilha Sonora e Som), a organização afirma que aqueles que trabalham nessas categorias não são essenciais para a indústria. Como se não bastasse, esquecem do fiasco das apresentações na plateia em 2005 ou da tentativa similar em 2018 (onde aconteceu um semi-boicote à cerimônia).
A busca pela audiência na nova era da televisão não é novidade para aqueles que acompanham o mundo do entretenimento. Entretanto, é notável o quanto as organizações esquecem as mudanças do mundo e a adição das redes sociais a equação. Há quase uma década a audiência sofre desgastes — e não é a duração das cerimônias ou quantas categorias são apresentadas nas cerimônias ao vivo. É o simples fato de ter outros meios de saber os vencedores e os destaques da cerimônia.
E este não é o único equívoco recente da Academia. Ao tentar “se aproximar” de uma nova geração, está realizando até 3 de março, dentro das redes sociais, uma categoria votada por fãs. Com isso, o hediondo Cinderella (com Camila Cabello) está entre os favoritos para ganhar o prêmio — esquecendo, novamente, que esse não é público que realmente aprecia a sétima arte e nem será o público que acompanhará a cerimônia.
Como diversos críticos, atores e outros aficionados pelo cinema comentaram, a Academia, a ABC e quaisquer que sejam os responsáveis pela decisão, mostram uma óbvia ineficácia de priorizar a própria indústria, esquecendo que a própria mudou significativamente com o passar dos anos.
Não serão atores e atrizes badalados, mencionar filmes com bilheterias astrológicas ou reconhecer projetos fora de sua bolha que irá atrair o público “de volta”. É mostrar que está pronta para as mudanças, incluir categorias que significam para a indústria (como dublês, trabalhos de dublagem) e, finalmente, agradecer ao público fiel que continuará a lutar por uma indústria cinematográfica que amplie vozes da comunidade.
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