Críticas | Mães Paralelas
Em Mães Paralelas, Almodóvar faz filme morno sem saber se quer falar sobre o passado ou o presente.
Poucos diretores têm uma personalidade cinematográfica tão forte e tão facilmente reconhecida como Pedro Almodóvar. Os dramas cotidianos, o conteúdo sexual e a cor vermelho se tornaram os alicerces de praticamente todos os trabalhos do diretor ao longo das décadas. Em Mães Paralelas, o novo trabalho do diretor, tudo isso está lá, mas sem um foco claro de que história ele quer contar.
Transitando entre o drama de duas mães solteiras e uma subtrama que envolve a história fascista da Espanha, o diretor tenta construir uma relação familiar complexa tanto sobre membros já falecidos quanto com o novo integrante.
No elenco temos tanto rostos já conhecidos como Rossy de Palma e Penélope Cruz, que entrega uma das melhores atuações do ano, como novos rostos como Milena Smit e Israel Elejalde, que aparece menos do que deveria.
Talvez o sentimento que mais permeia todos os trabalhos de Pedro seja o afeto, e aqui não é diferente, sendo o drama central da história.
Sem nenhuma novidade a direção de arte e os figurinos são incríveis e dão um sentimento de conforto e aconchego em cada cena.
Já a trilha sonora eu achei um pouco vaga com apenas alguns pontos altos ao longo das duas horas de duração do filme.
Apesar de ter tido um lançamento nos cinemas, o longa-metragem foi comprado e será distribuído pela Netflix, e quando perguntado sobre o que acha de lançamentos no streaming, Almodóvar disse ser impossível frear os avanços de novas tecnologias e que o ideal é esse tipo de lançamento onde um não rouba o espaço do outro, completando que costuma ir ao cinema uma vez por semana e que não quer perder esse hábito.
Mães Paralelas tem o DNA Almodovariano, mas não tem um foco claro, jogando personagens para o escanteio em uma trama que não sabe se quer falar sobre o passado ou o presente. Apesar disso, o filme acaba em uma nota alta com uma cena impactante e uma frase do genial escritor uruguaio Eduardo Galeano sobre história e censura.
Mães Paralelas estreia dia 18 de fevereiro na Netflix.
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